A disponibilidade permanente e os danos à saúde mental dos profissionais

Por: - 12 de dezembro de 2021

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais, uma vez que ela é um estado de bem-estar, no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. 

O bem-estar no ambiente de trabalho se torna fundamental em uma sociedade na qual as pessoas passam mais tempo nas empresas ou mesmo trabalhando em suas casas. Um ambiente organizacional saudável é aquele no qual existe uma identificação do colaborador com a cultura organizacional e onde há uma relação de companheirismo e confiança entre os colegas de equipe e a alta direção da empresa.

Sabendo que o objetivo de toda organização é ter lucro (essa diretriz é indiscutível quando nos referimos ao mundo dos negócios), precisamos compreender a maneira pela qual esse lucro é atingido pelos colaboradores e a qual preço, para que exista essa identificação do colaborador com a cultura da empresa.

Existem organizações que querem tirar o máximo de resultado de seus funcionários. Fazendo com que gestores fiquem sobrecarregados e consequentemente seus subordinados. Contatos fora do horário comercial, trabalho adicional de última hora, entre outras particularidades que geram comportamentos tóxicos ao indivíduo e muitos nem se atentam que além de serem tóxicos consigo mesmo, se tornam tóxicos uns com os outros.

Para satisfazer essas exigências, funcionários chegam cedo ao trabalho, ficam até mais tarde, varam a noite trabalhando, trabalham nos finais de semana e ficam presos aos seus aparelhos eletrônicos 24 horas por dia, 7 dias por semana.

A expectativa de que as pessoas estejam totalmente disponíveis e comprometidas com o trabalho nunca foi tão alta, mas mesmo em ambientes de alta intensidade a maioria das pessoas não estão de acordo com esse “ideal”. Estratégias que os funcionários usam para lidar com expectativas irrealistas muitas vezes se revelam prejudiciais para eles e para a empresa.

Não há nenhuma estratégia perfeita para gerenciar a si mesmo em uma organização que valoriza a dedicação absoluta, mas é útil conhecer suas próprias tendências, compreender seus riscos e mitigar esses riscos na medida do possível.

Uma pesquisa realizada pelo LinkedIn com dois mil profissionais em home office apontou que 68% dos entrevistados têm trabalhado pelo menos uma hora a mais por dia (21% até quatro horas a mais). O estudo revelou também que 62% estão mais estressados e ansiosos com o trabalho do que antes da pandemia.

Isto desperta um alerta! Trabalhar excessivamente pode aumentar o risco de diversas doenças, como hipertensão e diabetes, e inúmeras síndromes e transtornos, como Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Síndrome de Burnout.

Saúde Mental é bastante impactada por uma rotina frenética. Longas jornadas de trabalho com poucas pausas para descanso, turnos alternados e ritmos intensos fazem com que os funcionários sintam-se ansiosos, estressados, exaustos e desanimados, o que pode desencadear casos graves de depressão.

Para o autor do livro “Morrendo por um salário”, o professor da Universidade de Stanford, Jeffrey Pfeffer, as medidas paliativas, como salinha da soneca ou exercício de relaxamento, não bastam. Em entrevista à revista Exame em 2019, ele foi enfático ao dizer que o estresse precisa ser prevenido e não tratado: “alguma coisa tem de ser feita, porque a depressão, a ansiedade e as taxas de suicídio estão crescendo. Cedo ou tarde, isso só vai tornar a situação impossível para os países”.

 Finalizo esse artigo com algumas orientações baseadas no livro do Dr. Jeffrey e nas minhas experiências enquanto Consultor Empresarial e de RH que podem auxiliar os líderes a refletir sobre essa questão da Saúde Mental no trabalho.

Precisamos ajudar a criar um mundo do trabalho mais saudável e também mais produtivo, para isso é importante: combater pressões desnecessárias, situações de assédio e humilhação; incentivar a colaboração e socialização no trabalho; respeitar horários de trabalho e descanso; ter pessoal qualificado para ouvir e ajudar funcionários em situações difíceis – profissionais ou pessoais entre outros.

 

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