“Iberê é um jovem cadeirante. Suas limitações dificultam praticamente todas as suas ambições de vida. Ao mesmo tempo em que os dias passam, ele reflete sobre como as situações e sociedade conversam com seu problema e desejos”. Essa é a sinopse do curta-metragem Iberê e a Liberdade, dirigido por Thayse Fernandes, de 32 anos.
O projeto foi contemplado pelo Prêmio Aniceto Matti, da Secretaria de Cultura de Maringá (Semuc), na categoria Projetos de Audiovisual. O recurso disponível para a produção do curta-metragem é de R$ 30 mil.
Natural de Arapongas, Thayse Fernandes mora em Maringá desde 2009. Ela é formada em Publicidade e Propaganda e Artes Visuais, além de ter feito diversos cursos na área do cinema. Começou a carreira como editora de vídeos e hoje é diretora de cena na Publik Cine Vídeo, onde trabalha há cerca de dez anos.
Iberê e a Liberdade é um projeto pessoal de Thayse Fernandes. De acordo com ela, o roteiro do curta-metragem foi inspirado em uma história que sua mãe, Regina Gonçalves, professora e pós-graduada em Educação Especial, contou.
“Sempre quando me contam histórias eu imagino elas em formato de filmes, e essa do cadeirante me tocou. Mas, eu queria trazer algo a mais na história. Foi quando veio a ideia de fazer todo o filme como uma subjetiva do cadeirante, porque fazer só mais um filme da história de um cadeirante, eu acho que não acrescentaria em nada. Quis colocar a visão dele para os problemas e para a sociedade”, explica a diretora do curta.
Thayse Fernandes entrou em contato com uma professora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) para obter mais informações para o projeto, e ouviu outras histórias sobre cadeirantes.
“Ouvir essas histórias me trouxe muitas reflexões, coisas simples que fazemos no dia a dia, para eles pode ser uma conquista. Eles também têm suas vontades, seus anseios, e muitas vezes por conta da deficiência, não conseguem se expressar. No curta-metragem, eu quero que o público sinta isso, mergulhe na história do Iberê com o Iberê”, ressalta.
Na produção do curta-metragem, Thayse Fernandes constatou: falta acessibilidade para cadeirantes em espaços públicos. “Quando se fala em acessibilidade as pessoas só lembram de rampas, mas muitas vezes uma calçada danificada já é um grande desafio para os cadeirantes, ou atravessar uma rua, etc.”,
Entre equipe técnica e atores, Iberê e a Liberdade conta com a participação de 25 pessoas, sem contar os figurantes. A direção de fotografia fica por conta do Anderson Craveiro, nome conhecido na área do cinema na região.
A produção executiva está sendo feita por Satilla Castro, que também tem experiência em cinema e fez a produção de um longa-metragem em Londrina recentemente. Celina Becker, que dirigiu o filme Grünstadt – que conta a história do nazismo no Norte do Paraná -, está na direção de arte do curta-metragem.
Iberê e a Liberdade é o primeiro curta-metragem que Thayse Fernandes dirige profissionalmente. O projeto está em fase de pré-produção, e vai ser rodado no final de junho. A expectativa é que esteja finalizado em agosto.
Documentário Cine Horizonte
Paralelo à pré-produção de Iberê e a Liberdade, Thayse Fernandes também está dirigindo o documentário Cine Horizonte, juntamente com Luiz Renato Diniz, que é o diretor-geral e proprietário da Publik Cine Vìdeo.
Trata-se de um projeto da Publik, que também foi contemplado pelo Prêmio Aniceto Matti, na categoria Projetos de Audiovisual. O valor do recurso para a produção é de R$ 60 mil. Cerca de 15 pessoas fazem parte da equipe técnica.
A ideia do documentário é homenagear a Vila Operária, onde a Publik Cine Vídeo esteve localizada durante cerca de vinte anos – atualmente, a empresa fica no Avenida Business Center, na Zona 7. O Cine Horizonte foi um cinema de bairro fundado em 1951, que ficava Vila Operária, na Avenida Brasil, mas que fechou nos anos 2000.
“É uma homenagem da Publik à Vila Operária, que a gente tem muito carinho. Conhecemos a vizinhança do bairro, e eu também morei lá durante muito tempo. Quando decidimos fazer a homenagem, pensamos em alguns temas que envolvessem o bairro e fizemos pesquisas, então decidimos por falar do Cine Horizonte. A ideia é fazer um resgate histórico”, conta Thayse.
Assim como o curta-metragem Iberê e a Liberdade, o documentário Cine Horizonte também está na fase de pré-produção e pesquisa, e deve ser gravado e finalizado em agosto. Ambos os projetos dirigidos por Thayse Fernandes devem ser exibidos gratuitamente em Maringá. As datas e locais ainda não foram confirmados.
Segundo Thayse, existem poucas mulheres na indústria cinematográfica brasileira. “É só ver em fichas técnicas e premiações a porcentagem de nomes femininos. Eu não sei se tem outras diretoras aqui em Maringá, pelo menos não conheço. Alguns centros maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm feito iniciativas para as agências contratarem mulheres diretoras”, conta.
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