O poeta maringaense das mais de 10 mil trovas, A. A. de Assis, aos 85 anos fatura mais um primeiro lugar em concurso nacional

  • Ele já perdeu as contas de quantos troféus, medalhas e diplomas ganhou por este Brasil afora com seus “poeminhas pequenininhos que contém grandes ideias”. É assim que o jornalista-professor-poeta Antonio Augusto de Assis, o A. A. de Assis, define trova, gênero literário que aprendeu a gostar com o avô e que em agosto o levará a Saquarema (RJ).

    Vai ao Estado onde nasceu, há longínquos 85 anos, para receber mais um troféu de primeiro lugar do Concurso Nacional de Trovas – 2018. Até lá, manda o regulamento, os poemas de quatro linhas vencedores não podem ser publicados, explicou o professor de Letras aposentado em 1997 pela Universidade Estadual de Maringá, onde se formou.

    Nascido em São Fidelis em 7 de abril de 1933, A.A. de Assis chegou em Maringá de Jeep, em 17 janeiro de 1955, todo empoeirado. Se hospedou no Hotel Esplanada, onde tomou o “melhor banho de toda a vida” – a água barrenta que escorreu pelo ralo nunca mais saiu da memória. Depois, recorda, foi jantar na Churrascaria Guarani.

    Veio para montar uma loja de peças, que não tinha nada a ver com ele. Logo foi ao jornal “A Hora” para ver se conseguia publicar alguns textos vez ou outra e encontrou o dono do jornal, Chico de Souza, zangado. O redator do periódico, adoentado, não havia aparecido para trabalhar e Chico precisava de um editorial.

    Convidado a fazer o material, aceitou. Chico havia brigado com Innocente Villanova Júnior, o primeiro prefeito da cidade, e queria uma critica ao adversário. “Fui na máquina e critiquei quem eu nem conhecia. Tinha acabado de chegar na cidade, mas depois eu conheci e gostei do velhinho. Sorte que meu nome não saiu no jornal”, recordou, rindo.

    Trabalhou na Rádio Cultura, foi diretor da “Folha do Norte” de 1965 a 1977 e disse que queria fazer Jornalismo, “mas o curso mais próximo que existia da profissão era Letras”. Aí, deixou de ser periodista para ser professor. E, embora tenha aprendido a gostar de trovas  ainda menino e escrever desde então, a aposentadoria foi um divisor de águas:

    – Só depois de me aposentar tive tempo de ser o que eu gosto de ser, poeta.

    O bom humor é uma marca de A. A. de Assis, que editou três livros “para dar para os amigos” e imagina ter escrito umas 10 mil trovas. “Tem verso no computador, nas gavetas, nas caixas… Não sei o que os herdeiros farão com esses troféus e papelada”, brinca, dizendo que a memória anda falhando ao mesmo tempo que detalha fatos e datas de décadas.

    Em 2011, A.A de Assis tornou-se Cidadão Benemérito de Maringá e, como disse à época em entrevista ao jornalista Antônio Roberto de Paula, passou a ter duas nacionalidades. Contou que, um dia depois de ter chegado em Maringá, encontrou no Bar Central, “o pioneiro dos pioneiros” Angelo Planas, encostado na porta com seu barrigão, que lhe disse:

    – Menino, você vai gostar daqui. Maringá será o melhor lugar do mundo. Olhei em volta e não vi nada. Pensei comigo: ‘ele está exagerando’. Mas foi uma profecia e, para mim, Maringá é mesmo o melhor lugar do mundo.

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