Alguns são adestrados para localizar drogas ou dispersar tumultos. Outros, para levar alegria a pacientes hospitalizados. Os cães, desde os primórdios, servem às pessoas, que nem sempre retribuem o que recebem, mas esse não é o caso dos Pastores-belga Malinois do 4º Batalhão da PM de Maringá e do Golden Retriever do projeto “Cãopanheiro”.
Enquanto três vezes por semana Thor e sua dona, Rebeca Jaloto, visitam crianças e idosos em hospitais de Maringá e região, a matilha do canil da PM cresce, com a aquisição de mais quatro filhotes, dois Pastores-belga Malinois e dois Bloodhound, raça de faro extremamente apurado, também chamada Cão de Santo Humberto, por ter sido criada no convento de Saint Humbert.
O canil do 4º Batalhão teve início em 2005 com apenas um cachorro. Hoje são 11 e tem espaço para mais. “A comunidade acreditou nesse projeto e isso foi fundamental para sua ampliação”, conta o soldado Celso dos Santos, responsável pelo Centro de Treinamento do BPM. “O Conselho Comunitário de Segurança de Maringá teve grande importância”, ressalta.
A aquisição dos cães, na maioria dos casos, acontecesse por patrocínios de empresários ou doações. Recentemente, um dos cães da PM de Maringá, o Logan, foi colocado para cruzar com uma fêmea do Batalhão de Cianorte, da mesma raça, Bloodhound, e os sete filhotes foram distribuídos entre os canis policiais do Paraná. Um veio para Maringá.
Além dos Pastores-belga Malinois e Bloodhounds, a PM de Maringá também tem um Rottweiler. Alguns deles se destacam devido à atuação e conquista de resultados, como Tyson, Tunder, Seven e Argos, todos da raça belga, que atuam no combate ao tráfico. Já o dócil Logan, um Saint Humbert, é perito no rastreamento de pessoas.
Thor ajuda a humanizar ambiente hospitalar
Por outro lado, a terapia com pets também tem ganhado força em Maringá. O cão Thor e Rebeca visitam três lugares diferentes todas as semanas. O objetivo principal é humanizar os tratamentos de pacientes e deixar o ambiente hospitalar mais leve, tanto para os funcionários como para os enfermos.
O projeto “Cãopanheiro”, idealizado em Maringá por Rebeca, já é realizado em outras cidades, mas não existia aqui. “Bem na época que peguei um Golden vi na televisão um país que desenvolvia essa terapia e quis fazer aqui também”, conta.
“Precisei providenciar toda a documentação dele, ir atrás da sua linhagem para o certificado de pedigree, enquanto ele teve que passar pelo adestramento normal e pelo comportamental. As vacinas também estão sempre em dia e, ás vezes, ele até toma algumas a mais por precaução”, conta Rebeca.
Para que o projeto ser possível, a Organização Mundial de Saúde (OMS) também exige alguns cuidados de saúde e higiene, como banho, castração e vacinação com laudo técnico. A partir daí, a administração do hospital precisa avaliar todos os documentos para liberar a realização do projeto nas dependências da unidade.
Uma vez por semana, Thor visita o Hospital Municipal. Na última segunda-feira (25), ele fez a sua terceira visita ao local. “Ele dá uma volta de uma maneira geral, mas focamos mais nas alas de pediatria e emergência psiquiátrica”, diz o coordenador de enfermagem, Willian Camp Meschial.
“Nos dias que o Thor vem o ambiente fica mais agradável. Os pacientes curtem muito. É uma atividade que vem de encontro à humanização da assistência prestada no hospital”, diz Meschial. Algumas áreas hospitalares a entrada de pets são proibidas, como na UTIs, por exemplo.
Além de ir as segundas-feiras no Hospital Municipal, todas as terças Thor visita a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Maringá e as quintas vai a outros projetos sociais na região.
Paraná tem lei que regulamenta pets em hospitais
O projeto de lei 836/15 sobre a terapias com pets foi promulgado em 2016 pelo Estado do Paraná e permite a visitação de animais domésticos e de estimação em hospitais privados, públicos e cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS). E prevê que o próprio estabelecimento trace suas condições e critérios para o recebimento dos pets.
Para realizar a Terapia Assistida de Animais não são só os cachorros que estão liberados, mas também gatos, pássaros, coelhos, chinchilas, tartarugas, hamsters e outras espécies que não causem perigo. A lei trata apenas de pets adestrados para esse fim, mas também dos animais de estimação do dono. O médico do paciente precisa concordar com a visita.
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