Pela primeira vez, a equipe de goalball da Associação Maringaense dos Amigos do Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (Amacap/Unimed) disputará o Campeonato Brasileiro da categoria.
A vaga foi obtida por ter chegado à final do Campeonato Regional Sul de Goalball, realizado em Foz do Iguaçu no último final de semana. A classificação foi muito comemorada pela equipe maringaense, apesar da derrota por 7 x 5, de virada, para o time do Instituto Roberto Maia, de Londrina.
O grupo de Maringá, que agora está entre os 12 melhores do Brasil, foi formado em 2014, por iniciativa da Amacap. Atualmente são 11 atletas, sendo 9 contratados, além da equipe técnica, que tem Rosemeire Santos como responsável.
O goalball é o único esporte paralímpico não adaptado, praticado por equipes de três atletas e destinado para deficientes visuais. O objetivo é marcar gols por meio do lançamento de uma bola que tem guizos para orientar os atletas.
Goalball tem história e medalhas em Maringá
O atleta e coordenador do time, Ricardo Alexandre Vieira (41), o atleta mais velho da Amacap, joga desde 2010 e contou um pouco da história da modalidade:
– O goalball tem uma história muito rica e bonita aqui em Maringá. Durante as décadas de 1980 e 1990 o time daqui foi pentacampeão brasileiro. Apesar disso, o projeto acabou sendo descontinuado depois de 2013.
A nova formação do time de Maringá, a Amacap, surgiu em 2014 e desde então vem crescendo com atletas de nível cada vez mais competitivo, como mostram os resultados que a equipe tem orgulho em exibir.
Por dois anos consecutivos (2016 e 2017), ficou em 5º lugar no Paranaense, até serem vice-campeões este ano. No Regional Sul, ganharam mais de uma medalha de bronze, a última em 2017, quando o campeonato foi disputado em Maringá, até alcançarem a final em 2018.
Em outra competição, a Copa Quatro Estações, também conquistou medalhas. Ainda em 2018, os Jogos Abertos Paradesportivos serão disputados com expectativa de voltar a erguer o troféu, que veio em 2016 depois de um empate com o time londrinense.
“O patrocinador tem uma importância muito grande, para dar o apoio que a gente precisa para as viagens e o trabalho contínuo. Temos muito a agradecer. Também estamos de portas abertas para novas parcerias. A classificação nacional garante espaço na transmissão do evento pelo YouTube”, disse Ricardo.
Superação e amor ao esporte são parte do time
Ricardo disse os atletas têm uma rotina intensa de treinamento. “Nos encontramos às terças e sextas entre 18h e 20h, e aos sábados entre 9h e 12h30, no Colégio Instituto.”
Além disso, os 11 atletas possuem uma rotina própria de condicionamento físico em academia, de acordo com os horários de cada um. “Tem gente que pensa que é fácil, mas na verdade é uma dedicação diária”, comentou.
Nenhum dos 11 atletas está exclusivamente dedicado à carreira. “É uma boa variedade de profissões aqui dentro, mas fazemos nosso trabalho com muito orgulho. Isso é legal para unir todo mundo, de lugares e idades diferentes”, disse.
Às terças, entre 18h e 18h30, a Amacap também oferece aulas para crianças. O projeto é uma oportunidade de inclusão e uma chance de descobrir novos talentos.
“Por não ser uma modalidade tão conhecida, por não ser adaptado, tem quem confunda com outras modalidades paradesportivas. Infelizmente, atrai menos e não tem uma adesão tão grande, mas nossos amigos e familiares são sempre presentes”, disse Ricardo.
Goalball surgiu para ajudar veteranos de guerra
Único esporte paralímpico não adaptado e específico para deficientes visuais, o goalball foi criado em 1946 pelo alemão Sepp Reindle e o austríaco Hanz Lorezen para reabilitar veteranos da Segunda Guerra Mundial que tinham perdido a visão.
Nos Jogos Paralímpicos de Arnhem, em 1980, a modalidade estreou na categoria masculina e a feminina veio na edição seguinte, em 1984.
Em 1987 aconteceu o primeiro Campeonato Brasileiro de Goalball, sob supervisão da antiga Associação Brasileira de Desportos para Cegos (ABDC) e, desde 2010, a modalidade é nacionalmente administrada pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).
A primeira participação brasileira em Jogos Paralímpicos foi em Atenas, em 2004. Desde então, medalhas para time masculino e feminino no Jogos Parapan-Americanos em 2011 e o ouro em 2015, além de vice-campeões paralímpicos com a seleção masculina em Londres, em 2012.
Para o jogo é necessário uma quadra de 9 m x 18 m e uma baliza de cada lado, com 9 m de largura e 1,3 m de altura, sendo as linhas marcadas com fita adesiva para ser sensível ao tato. São três jogadores de cada lado e a bola, com 1,25 kg tem guizos para orientar os jogadores.
É primordial o silêncio durante o jogo, disputado em dois tempos de 12 minutos. Contudo, caso uma equipe abra 10 pontos de vantagem no placar, então a partida pode ser encerrada.
Veja abaixo vídeos de divulgação da modalidade produzido pelo TV NBR e o canal oficial dos Jogos Paralímpicos do Rio.
- Para conversar com a Amacap e ter mais informações sobre as atividades, o contato é pelo telefone (44) 3255-4298.
Comentários estão fechados.