E aí? Vamos nos conhecer?
O Brasil está se tornando um país de solteiros. Segundo último levantamento da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), em 2013 eram 77 milhões de brasileiros e este número não para de crescer. Para se ter uma ideia, hoje, o número de pessoas que se declara solteira é 50% maior do que 20 anos atrás. Em 2011, pela primeira vez o número de solteiros foi superior ao número de casados. E desde então este número não para de crescer. E se mostram ainda maiores quando somados aos números de divorciados. Em 10 anos, a taxa de divórcio no Brasil cresceu 160%. No Paraná, nos últimos 10 anos o número de divórcios disparou. Foram mais de 60 mil, o que garantiu ao estado a vice liderança nacional em número de separações. Em Maringá não temos números oficiais, mas se aplicarmos a proporcionalidade semelhante à da população brasileira, teremos um contingente de mais de 150 mil solteiros. Se levarmos em conta que Maringá é uma cidade universitária, este número pode ser ainda maior.
Esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Para se ter uma ideia, em 2017 foram adicionadas 188 mil famílias de uma só pessoa às estatísticas globais a cada semana.
Para se adaptar a este novo perfil de consumidor, as empresas vêm investindo cada vez mais em produtos adaptados especialmente para os solteiros. Em qualquer supermercado é possível encontrar produtos vendidos em menores quantidades e peso, como pães, saladas e carnes, além de uma infinidade de produtos como comidas prontas e congeladas.
Esses dados são resultados de uma série de fatores: mudanças econômicas, sociais, financeiras e principalmente, são influenciados pela internet. Mas isso não quer dizer que os brasileiros não acreditem mais em relacionamentos. Muito pelo contrário. As pessoas continuam em busca de sua cara metade.
Tempos Modernos
Os tempos modernos estão mudando até mesmo um dos mais antigos e necessário acontecimento para a humanidade: as relações humanas. Responsável por termos chegado aonde chegamos, as relações entre seres humanos acontecem desde o princípio e foi fundamental para nosso desenvolvimento como sociedade. Jamais teríamos chegado aos dias de hoje se não tivéssemos nos unido e criado os conceitos de família, amizade, sociedade etc. É natural do ser humano querer se relacionar. É uma forma de se proteger e de perpetuar a espécie.
Mas a correria do dia a dia faz com que as pessoas tenham pouco ânimo e disposição para sair de balada ou mesmo ir a um barzinho após um longo dia de trabalho. Essa falta de disposição atrelada à internet, tem mudado o perfil da noite em todo o mundo. Até mesmo cidades mundialmente conhecidas por sua noite, como São Paulo, por exemplo, sentem este impacto. O número de casas noturnas em funcionamento caiu consideravelmente nos últimos anos. No Rio, de acordo com a Prefeitura são 192 casas cadastradas como boate, porém apenas 70 têm o status de ativa. E este fenômeno se repete em todo o mundo. De acordo com a Nightlife Association, nos últimos 10 anos os Estados Unidos fecharam mais de 10 mil bares e casas noturnas. O mesmo ocorre na Inglaterra, onde quase metade das 3.100 casas noturnas existentes há 10 anos desapareceu. Em Maringá não é diferente. No ano passado várias casas noturnas foram fechadas, muitas delas em uma ação da prefeitura.
Esses dados são um reflexo direto da internet, que revolucionou as relações humanas. O começo dessa revolução foram as salas de bate-papo online e do finado MirC, extremamente populares nos anos 2000. Os jovens e adolescentes naquela época já não saiam mais de casa à espera da meia noite para poder se conectar. Até que então, no final dos anos 2000, com a chegada dos smartphones e a popularização da internet, decretaram uma nova maneira nas relações interpessoais.
Do mundo virtual para a vida real
O publicitário Marcelo Rossi, 31, é um dos adeptos do uso de aplicativos de relacionamento. Ele, que ainda é solteiro, comenta que o uso de aplicativos facilita muito na hora de procurar alguém. “Primeiro que você pode adicionar filtros, selecionando apenas o tipo que você procura. Segundo que eu posso conversar com qualquer pessoa no conforto do meu lar na hora que eu bem entender – seja de manhã, à noite, durante a semana ou feriado. Não importa. Eu sempre acho alguém para conversar˜, comenta. Marcelo explica que nem sempre a relação sai do virtual para o mundo real, mas afirma que já fez grandes amizades e teve alguns relacionamentos provenientes destes aplicativos.
Existem muitas aplicativos de relacionamento, sendo que alguns contam com aproximadamente 400 milhões de perfis em todo o mundo. Numa rápida busca no Badoo, por exemplo, é possível constatar que somente em Maringá há mais de 10 mil perfis de pessoas em busca de bate-papo, amizades ou relacionamentos, sejam homo ou heterossexuais.
E muito se engana que as novas relações não sejam pra valer. A pesquisadora Aline Almeida, 34, é a prova disso. Ela conheceu seu marido, o economista Alexandre Martins, 38, em um desses sites. Os dois estão casados há três anos. “No começo eu não botava muita fé. Entrava mais para bater papo e passar o tempo. Até que começamos a conversar e ele marcou um encontro. Lembro que fui com mais duas amigas, que ficaram acompanhando de longe. E quando dei por mim, estávamos nos casando”, relata. Aline conta que outras colegas de trabalho também conheceram seus pares pela internet. “Pelo fato de termos uma longa e exaustiva jornada de trabalho, posso afirmar que se não fosse a tecnologia eu ainda estaria engrossando o número de solteiros nas estatísticas”, brinca.
E a cada dia cresce o número de pessoas online em busca de amizades e relacionamentos. A tendência é que os perfis não parem de crescer, à medida que os smartphones vão se popularizando e mais pessoas passam a ter acesso à internet. Essa é a certeza de que ser solteiro hoje em dia não significa ser sozinho.
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