Documentário sobre skate maringaense concorre a prêmio norte-americano. Em cinco minutos, Kato Higuchi mostra a tradição da cidade no esporte que nasceu na Califórnia

  • Um mini documentário com cinco minutos de duração sobre o skate maringaense está concorrendo a premiação Short-Video Contest 2018, organizada pelas companhias norte-americanas GirlFilms e Chocolate Cinemas.

    A ideia de fazer o filme é do produtor e skatista, Kato Higuchi, 29 anos, em parceria com a Associação dos Skatistas de Maringá (ASKM).

    As duas companhias norte-americanas estão completando 25 anos de atividades e abriram concurso para premiar os três melhores mini documentários sobre skate em todo o mundo.

    Para concorrer à premiação, os concorrentes tinham até o dia 1 de abril para enviar o link dos vídeos. As produções serão julgadas pelos diretores Spike Jonze e Cory Weincheque e os vencedores serão anunciados no dia 15 de abril.

    O primeiro lugar ganhará uma viagem para Los Angeles e acompanhará a produção do próximo projeto de vídeo das companhias norte-americanas.

    Além disso, receberá um pacote de prêmios da GirlFilms e Chocolate Cinemas, com oito skates e toda coleção de roupas. Os outros dois colocados recebem apenas o pacote de prêmios.

    Skate nasceu na Califórnia há quase 70 anos

    O esporte nasceu na Califórnia, por volta de 1950. Chamando inicialmente de surf na calçada, o skateboarding como hoje é conhecido, surgiu com os surfistas. Sem as ondas do mar, eles resolveram pegar pranchas de madeiras e colocar algumas rodinhas de patins.

    De acordo com o documentário, em Maringá o skate chegou na década de 70. Para o produtor Kato Higuchi, a prática do esporte na cidade já virou tradição, que vem sendo passada de geração para geração.

    O primeiro documentário sobre skate produzido na cidade, chamado “Nigga’z & Rail”, é de 1997 e é considerado o segundo audiovisual nacional que retrata o esporte o país.

    Higuchi já morou em Maringá e, além de praticar o esporte nas horas vagas, trabalha com vídeos desde 2003. Atualmente, ele mora em Florianópolis, a 725 km de Maringá, onde produz audiovisuais para empresas e organizações públicas.

    A dupla função de skatista e produtor é uma das consequências de quem pratica o esporte. “É uma forma de lançar não só os produtos, mas de promover a carreira dos atletas. Ou ele [atleta] se desponta por campeonatos e boas colocações ou trabalha com mercado de marketing e audiovisual.”

    Quando soube da premiação, Higuchi resolveu vir até Maringá e terminar a produção do mini documentário, que já havia começado.

    “A pesquisa e o acervo tinha guardado em mãos e quando pintou a ideia do concurso fiquei mais ou menos um mês em Maringá, para produzir, fazer locução, roteiro e edição. Tudo nasceu aqui na cidade. Quando cheguei só tinha algumas imagens.”

    Ele pretende lançar um longa metragem sobre a história do skate maringaense, mas o financiamento, tanto público quanto privado, ainda é a maior dificuldade. “Em cinco minutos não dá pra contar quarenta anos de história. Tem muita coisa para ser dita”, afirma.

    Documentário tem como cenário a praça de patinação

    Durante os primeiros 50 segundos, o documentário mostra skatistas reconhecidos em manobras nas ruas, praças e outros locais de Maringá. Um dos espaços mais conhecidos para a prática do esporte, é a Praça Pedro Álvares Cabral, a popular Praça de Patinação.

    Apelidada como banks, estilo de pista de skate em formato de bowl e com paredes menores, a praça serve como cenário da produção audiovisual para mostrar as diferentes gerações do skate na cidade.

    Kato Higuchi também aborda as operações policiais na praça e a visão distorcida que algumas pessoas tem em relação aos skatistas.

    “Hoje em dia mudou muito. A inserção do skate como esporte na televisão, na novela, mudou um pouco o conceito de antigamente que todo skatista era marginal, pichador e usava drogas.”

    Além de passear pela história e mostrar grandes nomes do skate maringaense, o documentário também cita a construção da nova pista de skate na Vila Olímpica e as reformas voluntárias na Praça de Patinação.

    “A gente bate massa, pinta praça, organiza eventos, tudo de forma espontânea. A única forma que a gente conseguiu foi por pressão política, para reformar praças e ter a construção de novas pistas. Tudo por causa da associação.”

    O gerente municipal da Juventude, Adriano Bacurau, que também é skatista, diz que o documentário leva o skate maringaense para outros lugares, trazendo mais visibilidade para o esporte.

    Para Bacurau, a Praça de Patinação é um cartão postal da cultura urbana da cidade, reconhecido em outras partes do mundo. “Quando se fala em Maringá lá fora é falado do banks. Entre os skatistas é coisa rara falar Praça de Patinação.”

    Veja o mini documentário que concorre ao prêmio da GirlFilms e Chocolate Cinemas:

    Comentários estão fechados.