Lucas cursava o terceiro ano de Odontologia e Hugo o último do Ensino Médio, mas o que os irmãos Sanches queriam mesmo era se dedicar à música. Com o apoio dos pais, as matrículas foram trancadas e, a partir de então, conta a mãe, emocionada, “os dois chegavam a passar 16 horas seguidas no estúdio de casa”, criando, produzindo, mixando e finalizando músicas eletrônicas. Valeu o esforço.
Chemical Surf, que 12 anos atrás começou a tocar em baladinhas em Maringá e região com o nome Lucas Vs Hugo, hoje chega a faturar mais de R$ 100 mil por show, em temporadas especiais, como em fins de ano e Carnaval. Já se apresentou nos melhores clubes do mundo, em países como Alemanha, Inglaterra, Holanda, Espanha, Itália, França, Croácia e nos principais festivais brasileiros, como Rock in Rio, Loolapalooza, Ultra Music e EDC.
Os irmãos são autores da música mais tocada nas pistas brasileiras em 2017, a “Hey Hey Hey”, que apenas em um dos muitos sites que a reproduz tem mais de 2,48 milhões de visualizações. Em 2016, venceram o V Prêmio Rio Music Conference na categoria “DJ Revelação” e já assinaram contratos com gravadoras de peso, como Defected, Suara, Kittball, Armada, Bunny Tiger e Enormous Tunes.
Recentemente foram convidados para se juntarem ao time de residentes do Green Valley, o chamado “paraíso da música eletrônica”, que fica em Santa Catarina, e que por duas vezes, em 2013 e 2015, foi eleito o “Melhor Clube do Mundo” pelo Top 100 da DJ Mag. Mas, claro, nem sempre foi assim. E não foram poucos os tempos de perrengues, mas a garra, a dedicação e o amor ao que fazem desde pequenos venceram.
Retorno à trilha original em 2013
Em 2009, os brothers deram um tempo ao Chemical Surf e passaram a se dedicar a um novo projeto musical, em parceira com Daniel Malker, adicionando instrumentos e voz em seus trabalhos. O retorno à trilha original se deu em 2013. E, a partir daí, estourou nas pistas mais badaladas do país e do mundo. Tiveram e, humildes, fazem questão de dizer, apoio de parceiros já consagrados, como o veterano mexicano DJ Hamelin.
Na manhã desta sexta-feira (19/1), o empresário da Chemical Surf, Wellington Lopes, e os dois amigos de infância estavam no aeroporto de Guarulhos (SP), embarcando para um show em Belém (PA). Lopes disse que a dupla tem feito de 10 a 12 apresentações por mês – excluindo as noites no Green Valley – e revelou que os cachês, fora de temporada, giram em torno de R$ 50 mil.
Contou que desde os tempos de adolescência, enquanto ele e os amigos saíam para se divertir, Lucas e Hugo ficavam no estúdio montado na casa dos pais, no Jardim Guaporé. A mãe dos rapazes, Sandra, professora no Colégio Notre Dame, e o pai, dentista Nélio Sanches, sempre apoiaram os filhos e, segundo a mãe, uma das maiores emoções que o casal teve na vida foi ver os meninos tocando, pela primeira vez, no Rock in Rio.
Lucas também se emociona ao lembrar da trajetória da dupla e da primeira apresentação no Maracanã, “um dos maiores ícones do Brasil, e nem em sonhos imaginava chegar onde chegamos”. O Chemical Surf é, segundo os veículos especialiazados, um dos nomes que está no “spotlight” da música eletrônica e arrasta uma legião de fãs em cada apresentação.
Diversidade de estilos do Chemical Surf
Uma das características do Chemical Surf é não se fixar em um estilo de música eletrônica, como house, techno, break-beat, drum and bass, trance, minimal ou dubstep. O que caracteriza cada um, entre outras variações sonoras, é principalmente o chamado BPM (Batidas Por Minuto). “O importante é a boa música, não importa o estilo”, diz Lucas.
O conjunto da obra dos irmãos maringaenses, que atualmente moram em Balneário Camboriú (SC), flutua sobre todos eles: Magalenha, Sit Down, Bass, Underground e tantas outras composições mostram isso. “Sempre que possível vamos visitar a família, rever os amigos e finalizar nossas músicas no nosso estúdio em Maringá”, dizem.
No longa metragem “O Retorno”, que marca a retomada dos trabalhos do Chemical Surf, o fotógrafo oficial da dupla, Éder Leandro, ressalta o carisma e a humildade de Lucas e Hugo, que “ficam até duas horas atendendo o público depois dos shows. Ninguém sai sem pelo menos uma foto com eles. É muito legal”, conta.
A agenda do Chemical é corrida. Se nesta sexta tocam no Pará, neste sábado o show, às 16 horas, é no Rio de Janeiro. Depois, 9 de fevereiro, vem um mega espetáculo no Maracanã, o Vintage Culture, para 26 mil convidados. No mesmo dia, outro ainda maior, no Carnaval dos Sonhos, no Maori Beach Club (RJ), para 100 mil convidados – nos dias de folia do Momo, serão sempre dois. E a turnê no verão europeu também está sendo planejada.
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