O hábito de leitura de livros não está mesmo presente no dia a dia dos brasileiros – isso, com certeza, você já sabia. O que talvez desconheça é que em Maringá tem gente se organizando para mudar essa cultura ágrafa.
Para se ter uma ideia, na última pesquisa do Ibope sobre Índice de Leitura no Brasil, feita em 2015, apenas 56% dos entrevistados afirmaram ter lido pelo menos um livro – ou parte de um – nos últimos três meses.
Em 2011 o índice era ainda mais vergonhoso. De cada dois brasileiros, apenas um tinha lido um livro qualquer.
Quando falamos de literatura então, os números são uns pingos ainda mais decepcionantes.
Em 2015, 54% disseram que não leem romances, contos e poesias por vontade própria.
Em Maringá, claro, o cenário não é diferente, mas também têm aqueles – aleluia! – que sabem apreciar uma boa literatura no tempo livre.
A cidade tem pelo menos seis clubes que incentivam o consumo de literatura e a troca de ideias, a fim de expor e ouvir novas interpretações sobre o universo literário.
Nenhum deles impõe limite de idade. Tem adolescente, jovem universitário e adultos de todas as idades. Todos, dizem eles, são bem-vindos à de conhecimento.
Conheça um pouco dos clubes de leituras que existem em Maringá.
Bons Casmurros
Leituras desde o clássico “Papéis avulsos” de Machado do Assis ao contemporâneo “Barba ensopada de sangue” de Daniel Galera fazem parte do menu do grupo.
Apesar do nome remeter ao clássico brasileiro, o clube é dinâmico e democrático.
A ideia nasceu em 2013 após uma desilusão do jornalista Victor Simião, que ao ingressar no curso de jornalismo se deparou com colegas que não estavam habituados à leitura.
“Discutir literatura é discutir o mundo, a sociedade, é entender o outro, é criar empatia, é perceber que a gente nunca té sozinho e que os nossos problemas não são sempre tão ruins. E nem tô falando de literatura de auto-ajuda. Tô falando de uma ficção boa, que nos faz perceber e nos enxergar no outro.” disse Simião.
O clube se reúne a cada três semanas na Livrarias Curitiba, do Shopping Maringá Park. O livro é sugerido e votado previamente pelos participantes. Depois disso, quem propôs o livro defende sua tese.
Os livros são escolhidos alternando um autor homem e uma autora mulher. O livro escolhido é lido por todos, quee na data marcada se reúnem para o debate.
O clube já contou com convidados especiais como Marcos Peres, maringaense que ganhou o prêmio São Paulo de Literatura; Oscar Nakasato, de Maringá, vencedor do prêmio Jabuti; e Caetano Galindo, tradutor de “Ulysses”, que reuniu 40 pessoas no encontro.
Em média, participam do encontro entre 10 e 15 pessoas, que é aberto ao público. Os encontros são divulgados pela página do Facebook do clube. O próximo debate será no dia 7/9.
Clube do Livro da PUC
O intuito do Clube do Livro é incentivar a leitura dos alunos da PUC de Maringá. A dinâmica é diferente do que costuma-se encontrar por aí.
Nos encontros, um convidado apresenta um livro de sua escolha para convencer os outros a lerem. É aberto para qualquer um comentar algum livro e incentivar os outros a lerem também.
Fundado em 2013, por iniciativa do estudante Vinicius do Canto, hoje é coordenado pela estudante Mariana Moreira. A iniciativa inspirou a sede da PUC-PR em Curitiba, que criou um clube do livro por lá.
Os encontros ocorrem uma vez por mês, normalmente no começo do mês, e costumam contar com cerca de 10 alunos – o recorde foi 25.
Apesar de ter universitários como público alvo, o clube é aberto para todos.
Leia Mulheres
Inspirado no projeto da escritora inglesa Joanna Walsh, as idealizadoras do clube “Leia mulheres”, Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques criaram o grupo de leitura presencial para incentivar a leitura de obras escritas por mulheres.
O clube existe em 22 estados brasileiros. Mediado em Maringá por Estela Santos e Maria Almeida, o grupo realizou o primeiro encontro em agosto deste ano, com a discussão do livro “Hibisco roxo”, de Chimamanda Ngozi Adichie, e reuniu.
Os livros serão escolhidos por meio de uma enquete no Facebook. Nos encontros os participantes debatem sobre o que foi lido e todas são livres para compartilhar sua opinião.
O clube é aberto para homens e mulheres. A agenda deste ano está disponível no grupo do clube no Facebook.
Amigos de Palavra
O clube começou no segundo semestre de 2015, a iniciativa veio do projeto literário, Irmãs de Palavra, site literário das escritoras Kelly Shimohiro e Dany Fran. Os encontros oferecem um bate-papo para trocar ideias, compartilhar histórias e ampliar o conhecimento.
Os encontros são mensais e acontecem todo último sábado do mês. O livro é escolhido previamente pelos participante e no encontro seguinte debatem sobre ele. Em média, cerca de 10 pessoas participam do encontro.
Os gêneros são diversificados, desde clássicos à best seller. Rico em diversidade, desde ficção à biografias. Quem tenha interesse em participar basta aparecer no dia e no local divulgado.
Os encontros acontecem na Livrarias Curitiba, no Shopping Maringá Park, e são divulgados em na página do facebook Irmãs de Palavra. O próximo está agendado para sábado (30).
Clube do Livro Maria do Ingá
A turma busca fomentar a leitura na cidade e propõe discussões de livros entre os participantes. O projeto iniciou no começo do ano por iniciativa do vereador Homero Marchese (PV) e conta com dois professores de literatura na curadoria, Cidinha Pavan e Joaquim Neves.
Em média participam dos encontros 20 pessoas, de todas as idades.
Para o segundo semestre de 2017 foram escolhidos três livros: “Os 13 porquês”, de Jay Asher; “A revolução dos bichos”, de George Orwell; e “O santo e a porca”, de Ariano Suassuna.
A divulgação das datas e locais estão na página do clube no Facebook.
Clube de Leitura da Biblioteca Municipal
O clube é dedicado à obras da literatura clássica. Conta com um público mais maduro e os encontros são realizados uma vez por mês na Biblioteca Municipal.
O livro é previamente escolhido, os participantes leem, e se reúnem para discutir as experiencias e diferentes visões que tiveram diante a leitura.
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