Pedro Henrique Filho tinha 34 quando se mudou para os Estados Unidos, sem falar quase nada em inglês. Hoje, ele faz sucesso na Big Apple, condição que conquistou aos poucos.
Pedro Henrique estudou jornalismo em Maringá e se tornou popular na cidade graças ao basquete, esporte que pratica até hoje.
Em New York ele faz consultoria em festas para celebridades e convidados e tem praticado basquete com astros da NBA no ‘quintal’ do Pedro.
A vida de glamour, rodeada de celebridades, com presença frequente nas maiores festas do mundo, e participação na festa de gala de Leonardo DiCaprio, onde conheceu Ivete Sangalo e outros famosos brasileiros, é bem diferente do começo desta história.
A saga de Pedro começou cedo, quando trocou a pacata Jacarezinho, cidade da região de Londrina, por Maringá. Foi aos 14 anos, após ser aprovado em um teste e convidado para jogar basquete pela cidade. Desde os 12 anos, as quadras lhe abriram caminhos e Pedro jogava em campeonatos regionais por várias cidades.
O prazer vinha do basquete, mas a família lhe exigia estudos e Pedro foi estudar no Colégio Objetivo. Uma das condições do time, para continuar jogando, eram as notas. Pedro se virava como dava. Se dividia entre treinos e livros. Viu que no Brasil não tem “meio termo. É o estudo puxando para os estudos e o esporte puxando para os esportes.”
Pedro decidiu fazer os dois e aproveitou bem essa experiência. “Foi uma experiência legal que fez eu amadurecer como jogador e como homem. Era um menino e foi uma responsabilidade grande. Foi o primeiro contato que tive com Maringá”, contou. A relação com Maringá perdura até hoje. “Considero Maringá como a minha cidade.”
O início da carreira nas quadras e o flerte com a moda
Aos 16 anos, recebeu uma proposta para jogar em Londrina e lá conquistou os Jogos da Juventude. Logo em seguida, subiu para o time profissional e teve outras oportunidades. Passou por Palmeiras e São Sebastião, onde jogou a série A2 do Campeonato Paulista.
Eram viagens de ônibus cansativas, repúblicas abarrotadas de colegas de time. Mesmo assim, não abandonou os estudos. Fez vestibular e passou em jornalismo. Nessa hora teve uma decisão importante a tomar: jornalismo ou basquete? Optou pelo jornalismo.
Quando chegou a São Paulo, Pedro precisava de uma renda extra e foi tentar a sorte como modelo. Deu certo! Fez alguns trabalhos e desfilou para o São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do país.
A experiência lhe ajudaria muito no futuro, pois conheceu muitos modelos em castings e em eventos, e até mesmo em baladas. Pessoas que depois, cruzariam seu caminho mais uma vez em Nova Iorque.
A faculdade de Jornalismo em Maringá
Pedro escolheu o Jornalismo por influência de um tio que havia trabalhado na Globo, Record e outros veículos na capital paulista. Passou na Unicesumar. Apesar de ser uma faculdade particular, ele sabia que valeria o investimento. A instituição havia melhorado a estrutura com equipamentos e a abertura da Rádio Universitária.
E foi na rádio que Pedro teve a oportunidade de criar um programa de esportes. Ao lado de colegas e um grande amigo, o programa ficou no ar por dois anos e só foi interrompido quando Pedro se mudou mais uma vez.
Durante seu período acadêmico, para complementar a renda, fazia bicos e trabalhava com vendas. A veia para as negociações é uma influência do pai. Pedro pai sempre foi um homem de negócios e deu a Pedro Filho orientações importantes para crescer como empresário.
Como já vinha do esporte, Pedro queria seguir nessa área e se desenvolver como um bom comunicador esportivo. Tinha o sonho de levar ao público noticias que não fossem tão negativas.
Com o passar dos anos de faculdade, pegou amor pelo vídeo e resolveu fazer o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a sucursal da Rede Globo em Maringá. Como a sede da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) é em Curitiba, Pedro foi convidado a passar seis meses na capital paranaense acompanhando o dia a dia da emissora.
Esse período ajudou a amadurecer as ideias e projetos.
O diploma na mão e o trabalho com bebidas
Com o diploma na mão e mais experiente, ele entendeu que o jornalismo não daria a liberdade que esperava. Decidiu trocar a comunicação pela área empresarial. Entrou no programa de trainee da Ambev para atuar no Paraná. A base era Curitiba, mas foi transferido para Maringá, Cascavel, Maringá de novo e foi para a capital.
Foram dois anos trabalhando com vendas. Aproveitou para fazer uma pós-graduação em Marketing e um MBA em Gestão Empresarial. Pegou mais gosto pelos negócios. Passou por vários cargos na empresa e chegou ao cargo que mais encaixava com seu perfil, na área de eventos e relações públicas. Sua função era supervisionar a marca em eventos por todo o Brasil.
Junto com a promoção no emprego, apareceu uma oportunidade de fazer um curso em Nova Iorque ou em Londres. Tinha um problema. Pedro não sabia falar inglês. Ele aceitou o desafio, largou a Ambev e escolheu a cidade americana para seguir com o novo projeto.
Pedro conta que, ao chegar a Nova Iorque, sem poder se comunicar com a família que o hospedava, decidiu dar uma volta pelas ruas para se familiarizar com a língua. E foi nesse momento que ele percebeu que não voltaria mais ao Brasil.
E é nesse momento que começa a história de sucesso do cara que chegou a Nova Iorque sem saber nada de inglês, sem conhecer a cidade, sem conhecer ninguém e sem emprego.
De bicos e subempregos ao glamour das noites
Como quase toda história de brasileiros que tentam a vida em outro país, a de Pedro não foi diferente. Subempregos e bicos rodeados de brasileiros, pouca comunicação em inglês, pouco tempo pra dormir e conciliar tudo isso com os estudos.
Em meio às dificuldades, Pedro estabeleceu uma meta: iria fazer um mestrado em dois anos. Caso isso não conseguisse, voltaria ao Brasil para tentar recuperar a vaga no antigo emprego.
Depois de algum tempo vivendo em Nova Iorque e já falando inglês, Pedro percebeu que o network, independente de língua, cultura, raça ou cor, abre portas.
Resgatou contato com as pessoas da moda, do período do São Paulo Fashion Week. Com essas novas e velhas amizades, as dificuldades diminuíram, empregos melhores apareceram e veio o mestrado na Columbia University, uma das melhores do mundo.
O engraçado é que Pedro ganhou uma bolsa para jogar futebol.
Nas horas vagas, intervalos e folgas, Pedro se aperfeiçoou como promoter. Com um grupo de amigos e modelos, frequentava eventos de Nova Iorque. Pedro entendeu como funcionava a noite e as festas nova-iorquinas e achou um filão.
Frequentando eventos e aprendendo com empresários, Pedro começou a prestar consultorias a todos os grupos da noite nova-iorquina e dos Estados Unidos. Sua rede de contatos cresceu. As consultorias ultrapassaram a fronteira americana e chegaram à Europa.
Um câncer no meio do caminho e a volta a Maringá
Tirando férias no Brasil, Pedro faz um exame de rotina e descobre um câncer que o faz ficar um ano e meio em Maringá para o tratamento. Como estava terminando seu mestrado, o fez de longe, do jeito que dava. Todos seus projetos pelo mundo tiveram de esperar.
É nesse período que nasce o Gray TV, um canal de web com assuntos variados, viagens, bem estar, comida, atividades para ajudar no dia-a-dia, feitos por pessoas próximas a Pedro. “O Gray TV é uma paixão, é um filho. Minha própria TV, meus assuntos.”
Com recursos próprios, comprou equipamentos e montou uma pequena estrutura para isso. Curado do câncer, Pedro voltou a Nova Iorque e decidiu se dedicar um ano para esse novo projeto. Como havia deixado o jornalismo, entre outros, pela negatividade das notícias, com o Gray TV quis levar às pessoas a positividade que encontrava na vida.
Com o passar do tempo, Pedro decidiu retomar o trabalho de consultoria em eventos e os programas do Gray TV passaram a ser encaixados, dentro do possível, na agenda. “O projeto da TV ainda está de pé e eu pretendo fazer ele para sempre. É um trabalho muito satisfatório profissionalmente”.
Depois de ter voltar para suas consultorias, conseguiu ganhar reconhecimento na área e recebeu o convite para fazer parte de um grupo de sócios de uma casa noturna que organiza festas apenas para convidados e celebridades.
A vida de glamour ao lado dos famosos
O novo negócio fez Pedro se aproximar de astros como Leonardo DiCaprio, Rihanna, as angels da Victoria’s Secret e de jogadores da NBA como Carmelo Anthony e CJ McCollum. Seu nome já é visto como alguém influente e chega ao ápice em 2017.
Pedro foi chamado para representar e cuidar da delegação brasileira que foi convidada para o jantar de gala da The Leonardo DiCaprio Foundation, instituição criada em 1998 pelo astro hollywoodiano em prol de questões ambientais e humanitárias, como a preservação das florestas, o acesso à água pelas populações mais carentes e o seu consumo responsável, que aconteceu em Saint Tropez.
Dentre os brasileiros que estavam sobre sua responsabilidade havia nomes como Bruna Marquezini, Sasha Meneghel, Sabrina Sato e Ivete Sangalo. Um empresário da moda brasileiro, que Pedro preferiu não revelar o nome, fez uma doação generosa, o que fez os organizadores olharem diferente para o grupo de Pedro.
Foi a primeira vez que Pedro teve contato direto de trabalho com Ivete Sangalo e com empresas de celebridades brasileiras.
O jantar de gala foi um sucesso, com mais de 35 milhões de euros de arrecadação. Na festa, surgiu o convite do próprio Leonardo DiCaprio para comemorar o jantar. DiCaprio chamou toda equipe de Pedro e mais alguns convidados para passarem 15 dias nas Ilhas Maldivas.
Ainda como presente, as despesas foram deixadas de lado e DiCaprio tomou conta disso. Entre os convidados desse dia estavam produtores de cinema, autores, atores, modelos, alem de Paris Hilton. Com apenas seis anos trabalhando com relações públicas, Pedro diz que o evento de DiCaprio superou suas expectativas.
Astros da NBA no ‘quintal’ de Pedro
A paixão pelo basquete foi resgatada e Pedro conseguiu encontrar um grupo para jogar algumas vezes. Fez amizade com um construtor, que ele prefere não dar o nome, que é de uma família que tem uma das maiores construtoras dos Estados Unidos.
O jovem empreendedor decidiu investir num novo conceito imobiliário, com quadras, sauna, academia, lanchonete e chama Pedro para ajudá-lo na consolidação da ideia. Com isso, Pedro se muda para esse empreendimento.
O amor pelo basquete é dividido pelos dois amigos e, como estratégia de divulgação da quadra do prédio, Pedro chama um dos técnicos do New York Knicks para morar no empreendimento. O treinador se desliga do time e passa a dar treinos exclusivos para atletas na quadra do condomínio.
A ideia deu certo e vários atletas da NBA passaram a treinar no “quintal de Pedro”, que sempre ficava ao lado da quadra, para tirar fotos, dividir espaço. Um dia, o técnico o chama para participar de uma partida.
Sem acreditar, Pedro aceita o convite e realiza o sonho de muita gente que fez e faz parte da vida dele. Dividir a quadra com astros da NBA. “Foi a realização de um sonho de criança. Não só meu, mas de várias pessoas. Mesmo que por um pouco tempo”.
O saldo de 2017 é positivo para Pedro. Com 34 anos, ele diz que passa a ser mais fácil decidir o rumo da vida. “Olhando pra trás, eu acho que fiz coisas corretas na minha vida”. Ele diz que continua sendo o “Caipira pelo mundo”, que foi tema de programas no YouTube.
Pedro conta que carrega consigo o espírito do adolescente que saiu de Jacarezinho para jogar e estudar em Maringá. Ele ainda enxerga a vida com o deslumbre de ser tudo novo. Em Nova Iorque ou em qualquer outra grande metrópole do mundo, Pedro não esquece das origens e diz que o segredo da vida é saber cultivar as relações humanas.
“O maior desafio do ser humano são as relações humanas. É o maior meio de ascensão e sucesso”.
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