Tempo estimado de leitura: 5 minutos
Brasil é cada vez mais receptivo e aberto ao mercado de criptomoedas. O interesse em Bitcoin e outros ativos digitais não para de crescer, o que levou a um aumento dos serviços cripto no país, inclusive na instalação de caixas eletrônicos de Bitcoin (Bitcoin ATMs) em diferentes cidades. Segundo dados do site CoinATMRadar, o país conta atualmente com nove caixas eletrônicos de Bitcoin espalhados por locais como São Paulo, Rio de Janeiro, Petrópolis, São Bernardo do Campo e Bauru.Esse número pode parecer modesto em comparação a países vizinhos, mas representa um grande aumento em relação a anos anteriores, quando apenas quatro unidades estavam em operação. Especialistas apontam que o aumento desses terminais de saque e depósito de criptomoedas reflete uma tendência de adesão progressiva a novas tecnologias financeiras, principalmente em centros urbanos.Ainda assim, a presença de apenas nove ATMs de Bitcoin demonstra que o mercado brasileiro tem grande margem para se desenvolver nesse setor. Cidades economicamente fortes, como São Paulo e Rio de Janeiro, lideram, mas cidades médias também começam a despontar, o que indica uma difusão mais ampla dessas soluções.O Brasil tem mais de 214 milhões de habitantes e, conforme dados divulgados pela Receita Federal, o número de brasileiros que declararam posse de criptomoedas teve um salto enorme em 2022. Em junho daquele ano, mais de um milhão de pessoas físicas informaram transações com criptos, e hoje esse número já ultrapassa os 12 milhões.Ainda que nem todos os investidores usem caixas eletrônicos para adquirir seus ativos, esses equipamentos simbolizam a busca por praticidade e autonomia, algo valorizado por quem quer comprar criptomoedas com agilidade. A nível global, o número de ATMs de criptomoedas já ultrapassa 38 mil, distribuídos em mais de 65 países.Esse levantamento, também feito pelo CoinATMRadar, mostra que os Estados Unidos concentram a maioria desses terminais, enquanto em outros países da América Latina varia bastante. A Colômbia, por exemplo, conta com 46 terminais de Bitcoin, seguida pelo Panamá com 17 e a Argentina com 13. O Brasil, ao ficar no meio do ranking regional, demonstra potencial de crescimento, especialmente se considerarmos o interesse cada vez maior dos brasileiros em ativos digitais.Mas a adoção de criptomoedas não se limita aos caixas eletrônicos. De acordo com o Banco Central do Brasil, a instituição estuda regularmente o impacto das moedas digitais na economia nacional, inclusive com discussões sobre a implementação de uma moeda digital do próprio Banco Central (o Real Digital). E o desenvolvimento de estruturas regulatórias e tecnológicas pode fomentar a consolidação do mercado cripto, contribuindo para a expansão de serviços como esses terminais.A presença de caixas eletrônicos de Bitcoin em cidades como Bauru e Petrópolis sugere que a procura por criptomoedas não está restrita somente às capitais. Além disso, empresas como a Coin Cloud, que já instalaram vários destes ATMs em território nacional, planejam ampliar sua atuação. O objetivo é oferecer mais pontos de contato para usuários de criptomoedas e, ao mesmo tempo, difundir a cultura do uso de ativos digitais de modo simples e prático.A instalação desses dispositivos é um indicativo de que o Brasil se prepara para um futuro em que criptomoedas podem ser tão acessíveis quanto serviços bancários tradicionais. Para usuários iniciantes, a experiência de uso de um caixa eletrônico que permite a compra e venda de Bitcoin pode ser menos intimidadora do que o uso de corretoras virtuais, pois há um componente físico que lembra as operações de saque e depósito convencionais.No que diz respeito à regulação, a Câmara dos Deputados aprovou em 2022 o marco regulatório das criptomoedas, posteriormente sancionado pela Presidência em 2023. Apesar disso, ainda existem ajustes em andamento para definir com clareza como essas leis se aplicam à prática cotidiana de compra, venda e manutenção de ativos digitais.Analistas jurídicos acreditam que, com regras mais específicas, haverá maior segurança jurídica para quem deseja investir em criptomoedas, elevando a confiança do público nessa classe de ativos. Enquanto o arcabouço legal não se consolida por completo, muitos investidores buscam se proteger por meio de plataformas confiáveis, considerando a volatilidade do mercado cripto.Um estudo publicado pela Triple A apontou que cerca de 10 milhões de brasileiros já possuem algum tipo de envolvimento com criptomoedas, seja investindo, fazendo trading ou simplesmente armazenando ativos digitais. Embora existam obstáculos, como a instabilidade econômica global e as flutuações dos preços de criptoativos, muitos veem nessa tecnologia uma oportunidade de inovação financeira e inclusão de pessoas que antes não tinham acesso a serviços bancários tradicionais.Sendo assim, é possível que surjam novos pontos em cidades secundárias, uma vez que empresas focadas em soluções de pagamento e troca de criptomoedas buscam atingir novos perfis de usuários. Algumas delas querem aproveitar o aumento da demanda por serviços presenciais que ofereçam transações rápidas e acessíveis para quem ainda está se familiarizando com o mundo digital.