Acordei de manhã, liguei a chaleira elétrica para esquentar a água do café e fui lavar o rosto. Como hábito diário, liguei o meu podcast de notícias semanais e começo tudo outra vez. Antes de ir para a faculdade, trabalho, enfim… antes de enfrentar o mundo eu me atualizo com algumas notícias. Agora parece que o mundo entendeu o óbvio; o Brasil está em profunda crise institucional, constitucional, ambiental e política. Só para mencionar alguns pontos.
As vezes penso algo como: “ah, mas isso já faz tempo, sempre soubemos de problemas com a corrupção, com o meio ambiente, e nossa economia”. Este pensamento me ’tranquiliza’ por alguns momentos, mas no programa de notícias, vez ou outra aparece um cientista político, economista, especialista em segurança pública e me tira novamente o sossego.
Agora eu acabei de sair de casa e vou para a universidade, uma instituição pública estadual. E lá o assunto é outro, mas vez por outra orbitamos em torno de pautas como o desmonte da educação, a desvalorização do docente, os cortes no financiamento de pesquisas. Lembro do projeto de iniciação científica que comecei a trabalhar no início do ano, e agora fica cada vez mais claro que a bolsa [de menos de 40% de um salário mínimo] que serviria para incentivar estudantes na pesquisa e na docência, fica mais distante, dadas as dificuldades de financiamento.
Vou ao trabalho a tarde. Chega de noticia estranha, chega de desgaste emocional, cívico e social. Abro o Instagran e vejo um colega indignado com a notícia de mais uma morte violenta pela ação da polícia ou do exército no Rio de janeiro. A sensação de que algo está errado volta, agora com um tom mais macabro. Mas a vida segue.
Por fim, enquanto no trabalho eu fico sabendo sobre alguns colegas novatos – mas que trabalharão como terceiros. Me lembro da reforma trabalhista que trouxe novas perspectivas sobre a terceirização, lembro também o mundo do trabalho se desfragmenta, uma vez que os terceiros não gozam dos mesmos benefícios que os empregados diretamente contratados. Quando cruzo isso com umas informações a respeito do fim do aumento real do salário mínimo, fico novamente incomodado.
Agora anoiteceu e já sai do trabalho, tomei uma pinga com uns amigos no barzinho próximo de casa. Rimos, fumamos, passei no mercado e voltei para casa. Quando fui ver as redes sociais para [ver memes e ] dar um descanso para a mente, me deparo com umas informações aqui e ali sobre empresas de tecnologia que desenvolvem navegadores e sistemas operacionais para celular, e que podem acessar e utilizar dados privados, sem a autorização prévia de seus usuários. Me lembro de questões que o Marc Zuckerberg teve de responder ao parlamento britânico. Que doido isso.
Depois de tudo isso, parece que não há o que ser feito, vou dormir, e amanhã tem tudo outra vez. Mas calma, essa história não terminou ainda…
…enquanto isso não se esqueça de mandar aquele abraço lá”