Afinal, descansar cansa? Estudo mostra que lazer passivo pode não renovar as energias

Estudo revela que o descanso pode ser mais eficaz quando é ativo, intencional e planejado, trazendo mais energia, bem-estar e proteção contra o burnout.

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    Maratonar séries no sofá ou passar horas no celular parece uma ótima forma de descansar. Mas e se essa escolha estiver, na verdade, roubando sua energia? Um estudo publicado pela Harvard Business Review, e repercutido pela Forbes Brasil, sugere que a forma como usamos nosso tempo livre pode impactar diretamente nosso bem-estar, humor e até a produtividade no trabalho — e que o tão desejado “descanso” pode ser mais eficaz quando é ativo e planejado.

    A pesquisa, realizada por universidades dos Estados Unidos e da Europa, analisou o comportamento de mais de 2.400 profissionais ao longo de 11 estudos de campo. Os dados revelaram que pessoas que adotaram o chamado leisure crafting — um termo que pode ser traduzido como “planejamento intencional do lazer” — relataram níveis mais altos de energia, propósito e conexão social. Além disso, o estudo indicou que esse tipo de lazer contribui para a prevenção do burnout e melhora o desempenho no trabalho.

    O que é o “lazer intencional”?

    Diferente do lazer passivo, como ver TV ou tirar cochilos longos, o leisure crafting envolve estruturar atividades prazerosas com objetivos claros. A ideia não é trabalhar nas horas vagas, mas dar propósito ao tempo livre, aproveitando-o para se desenvolver em áreas que tragam satisfação pessoal.

    Exemplos práticos incluem montar um plano para assistir aos 100 maiores filmes do cinema mundial e escrever resenhas para treinar o pensamento crítico, ou trocar a academia solitária por um grupo de corrida com metas de performance. A lógica é parecida com a dos hobbies, mas com um grau maior de intenção e propósito.

    “Encarar o lazer como oportunidade de crescimento, e não só de alívio, muda a forma como nos sentimos ao final do dia e pode até nos ajudar a começar a semana com mais motivação”, destacam os autores.

    Descansar com propósito: menos exaustão, mais vitalidade

    Uma das descobertas mais relevantes da pesquisa é que as pessoas que aplicaram o lazer intencional relataram menos exaustão emocional, maior entusiasmo no retorno ao trabalho e menor propensão a sintomas de burnout. A prática, segundo os cientistas, não exige mais horas no dia — apenas uma mudança de mentalidade.

    Essa ideia vai ao encontro de outros estudos recentes. Uma pesquisa da American Psychological Association (APA), por exemplo, indicou que atividades voluntárias, criativas ou de aprendizado fora do expediente profissional ajudam a reduzir o estresse e aumentam a resiliência emocional. Da mesma forma, um levantamento do Instituto Gallup mostrou que profissionais que sentem propósito em suas atividades de lazer apresentam maior engajamento no ambiente corporativo.

    Não é produtividade tóxica — é bem-estar planejado

    Apesar de críticas sobre uma possível “colonização” do lazer pela lógica produtivista, os pesquisadores esclarecem que a proposta não é transformar a vida pessoal em mais uma tarefa do check-list corporativo. “A diferença está no significado. Não é sobre bater metas, mas sobre encontrar prazer e crescimento pessoal em algo que faz sentido para você”, explicam.

    Portanto, a recomendação é simples: em vez de simplesmente parar tudo e esperar que o corpo e a mente recarreguem sozinhos, pense em como usar seu tempo livre de forma mais consciente. Nem sempre fazer nada é a melhor forma de descansar. Às vezes, o que precisamos é justamente nos envolver, nos conectar e descobrir novos sentidos para o nosso tempo fora do trabalho.

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