Uma pesquisa realizada pela Alice, plano de saúde para empresas que também faz a gestão proativa de seus membros, avaliou a qualidade da saúde do sono das mulheres no Brasil: 20,5% das mulheres relataram sentir com frequência dificuldade para dormir, enquanto 3,4% alegaram sempre ter essa dificuldade – em ambos os casos, a causa era o trabalho. No total, apenas 17,1% afirmaram não sentirem nenhuma dificuldade por conta da rotina profissional.
Outro estudo importante corrobora com esses achados: realizado em um município do interior do Estado de São Paulo o ,“Subjective sleep quality before and during the COVID-19 pandemic in a Brazilian rural population” descobriu que, durante a pandemia do Covid-19, nas famílias que estavam em quarentena, as mulheres tiveram uma piora na qualidade do sono, enquanto os homens da mesma família não apresentaram os mesmos sinais.
“Embora mulheres estejam mais atentas à sua saúde do que os homens e se cuidem com mais frequência, elas também estão mais propensas a ter distúrbios do sono devido a fatores como flutuações hormonais, menopausa, gravidez e à responsabilidade familiar e profissional, acarretando em maiores incidências de insônia e apneia do sono”, explica Anna Claudia de Azevedo, médica de Família e Comunidade na Alice.
Os reflexos de uma noite mal dormida
Segundo a especialista, noites mal dormidas podem causar fadiga, irritabilidade, lapsos de memória, comprometimento do sistema imunológico, aumento do risco de acidentes e problemas de saúde a curto e longo prazo, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Para Azevedo, o sono desempenha um papel crucial na saúde física e mental. “É essencial para a recuperação e regeneração do corpo, além de ser fundamental para a consolidação da memória e o funcionamento adequado do sistema imunológico”, explica.
A falta de sono pode levar, também, a uma redução da capacidade de concentração, tomada de decisões mais arriscadas, menor criatividade e eficiência no trabalho, além de aumentar o risco de absenteísmo e erros no ambiente profissional. “As mulheres precisam se atentar para que uma coisa não acabe prejudicando a outra e que, no fim, nenhuma afete a sua própria saúde”, comenta a médica.
Dificuldade para dormir, acordar frequentemente durante a noite e sonolência diurna excessiva são alguns sinais de que a saúde do sono não está bem. Esses sintomas, a longo prazo, podem afetar significativamente a qualidade de vida da mulher. “É recomendado procurar ajuda médica porque cada pessoa tem a sua necessidade em relação ao sono. Então, é importante considerar a rotina da mulher para encontrar os hábitos que impactam sua saúde”, comenta.
Como melhorar a qualidade do sono da mulher
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres estão mais expostas a riscos para a saúde devido à rotina cansativa e desgastante, decorrente da jornada dupla de trabalho como profissional e responsável pelo lar e família. Para Anna Claudia, as mulheres precisam estabelecer prioridades e separá-las por ambiente: familiar e profissional. “É importante delegar tarefas, praticar técnicas de relaxamento durante a realização de suas atividades – com pequenas pausas, como, por exemplo, meditação ou yoga – e, em adicional, buscar ajuda emocional.
Além disso, é imprescindível criar uma rotina regular de sono, incluindo um ambiente propício para que a mulher tenha uma boa noite de descanso. “Precisamos reforçar a importância de um ritual relaxante à noite para essas mulheres que relatam ter dificuldade por conta das demandas do trabalho. Praticar técnicas de respiração, evitar estimulantes e eliminar a exposição à luz azul de aparelhos eletrônicos , antes de dormir são algumas das orientações que melhoram a qualidade do sono”, explica Azevedo.
A profissional conclui, ainda, que a atividade física, em particular, traz benefícios para o sono em todos os estágios da vida. Além disso, a especialista reforça a importância das orientações para cada fase da vida da mulher. “Durante a gravidez, é importante dormir de lado e usar travesseiros de apoio. Já na menopausa, o manejo dos sintomas, como ondas de calor, pode ajudar a melhorar o sono. Em dias e períodos de alto estresse, é essencial praticar técnicas de gerenciamento das emoções e autocuidado”, finaliza a especialista.
Foto: Freepik
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