O mercado de trabalho é muito competitivo e, nem sempre, justo. Ao longo dos anos, existiram muitas iniciativas e lutas que buscaram trazer mais igualdade para as instituições, criando uma maior diversidade entre os profissionais nos diferentes cargos e campos de atuação.
Grupos sociais que foram historicamente excluídos, como mulheres, LGBTQIA+, negros e PcDs, por exemplo, hoje já possuem direitos definidos no campo trabalhista e presença marcada no mercado de trabalho.
Em março, é celebrado o mês das mulheres, comemorado mundialmente no dia 08, e questões como a presença de figuras femininas no campo profissional acabam ficando em evidência no período. Um avanço importante e significativo está relacionado à segurança das mulheres em ocuparem espaços de poder nas empresas. Neste sentido, 73% das mulheres entrevistadas afirmam que têm confiança para assumirem cargos de liderança.
O dado é da Onlinecurriculo, plataforma de currículos online, que buscou trazer um panorama atualizado da presença feminina no mercado de trabalho. O estudo levou em consideração respostas de pessoas de todas as idades, classes sociais e regiões do Brasil.
Em relação às posições de liderança, no entanto, mesmo afirmando aceitar o desafio, 32% das entrevistadas dizem que não se sentem totalmente capacitadas para os cargos; 17% se sentem capacitadas, mas não confiantes, e 9% não se sentem capacitadas e não teriam confiança de assumir a responsabilidade.
Os dados refletem alguns aspectos sociais que por muito tempo colocaram em dúvida a capacidade das mulheres em relação aos homens para desempenhar atividades de liderança e poder. Muitas mulheres, mesmo sendo muito capacitadas, acabam duvidando do seu potencial, o que interfere na segurança para aceitar novos desafios.
Mesmo que o cenário venha mudando, uma disparidade ainda pode ser percebida para a questão em relação aos homens. Para a mesma pergunta, 84% dos homens afirmam que estariam confiantes para enfrentar o desafio da liderança, enquanto apenas 5% não se sentem capacitados e nem confiantes.
Mulheres contratam mais mulheres
Em relação a forma como as equipes são formadas dentro das empresas, pode-se perceber uma tendência de que mulheres são mais contratadas em instituições nas quais os times são compostos por mais mulheres, enquanto homens têm inclinação a contratar mais homens. Quando perguntadas sobre a composição dos times dentro das empresas em que atuam, 36% das entrevistadas afirmaram que as equipes das quais fazem parte são formadas por mais mulheres; 27% por mais homens, e 37% por equipes com número semelhante de homens e mulheres.
Já para os respondentes masculinos, apenas 16% disseram que os times das empresas que trabalham são compostos principalmente por mulheres, enquanto 41% são formados essencialmente por homens. Outros 43% dos entrevistados indicaram que as equipes têm um número semelhante de homens e mulheres.
Em relação aos cargos de liderança, por mais que cada vez se veja mais mulheres em posições de autoridade, também existe uma relação acerca da composição dos times dentro das empresas, e instituições que possuem mais mulheres em suas equipes tendem a ter um número mais expressivo de lideranças femininas.
15% das entrevistadas mulheres indicaram que todos os cargos de liderança das empresas que trabalham são compostos por mulheres; 27% têm grande parte formados por mulheres; 20% têm cargos de liderança ocupados igualmente por mulheres e homens, e 4% não possuem mulheres nas lideranças.
Enquanto isso, para os respondentes homens, 10% trabalham em empresas em que todas as lideranças são femininas; 23% estão em instituições em que grande parte dos cargos de poder são femininos; 30% indicaram que as empresas em que atuam possuem cargos de liderança compostos igualmente por mulheres e homens, e 9% disseram que não existem mulheres em cargos de liderança.
Por mais que, de forma geral, os números mostrem um avanço na igualdade de gênero dentro das empresas, nas mais diversas posições de atuação, ainda pode-se perceber que, para ter mais expressividade feminina no mercado de trabalho, mulheres precisam dar oportunidades para outras mulheres, enquanto homens tendem a dar mais espaço para outros homens. Para além das prioridades, é possível perceber que também há uma busca por se criarem times que tenham um número semelhante de membros femininos e masculinos nas instituições.
O que não mudou tanto assim
Oportunidades são essenciais para que as mulheres consigam estar presentes no mercado de trabalho. Mas, mais do que marcar presença, elas, assim como os homens, também devem exercer funções que tragam satisfação e reconhecimento.
Neste sentido, homens ainda conseguem vagas que estão mais alinhadas com suas ambições profissionais. Enquanto 40% dos homens entrevistados afirmaram que estão em empregos que estão de acordo com o que desejam, esse número cai para 35% em relação às mulheres.
O dado também está alinhado com a satisfação salarial. Se 17% dos homens respondentes do estudo disseram que se sentem muito satisfeitos com seus salários atuais, a porcentagem é de 14% para a satisfação das mulheres. 40% dos homens afirmaram que estão satisfeitos com sua remuneração, enquanto para as mulheres a satisfação fica em 36%.
Já para a relação de insatisfação sobre o salário, as mulheres ficam à frente, com 49% indicando que não estão satisfeitas com seus salários, enquanto este número cai para 43% quando em relação aos homens.
Tempo para se profissionalizar
A ascensão profissional passa por diversos aspectos sociais, para além da evolução dentro do mercado de trabalho. Conseguir boas oportunidades e adquirir confiança para evoluir profissionalmente exigem a execução de atividades que irão agregar conhecimento, como a realização de cursos, participação em eventos e palestras, ou estudo de forma autônoma.
Em relação à capacitação profissional, foi perguntado aos entrevistados se eles sentem que têm tempo para estudar e se qualificar para ter crescimento profissional. Enquanto 35% dos homens disseram que têm tempo livre para estudar, apenas 23% das mulheres possuem esse tempo disponível. Em contrapartida, 32% das mulheres afirmaram que conseguem estudar apenas se abrirem mão de outras atividades e afazeres, e esse número cai para 17% em relação aos homens.
O tempo disponível para uma qualificação profissional passa por diversos aspectos da vida pessoal de cada pessoa, que está diretamente permeado pelos âmbitos sociais. A busca pela paridade de gênero no mercado de trabalho segue sendo uma pauta que ainda precisa ser levantada e discutida.
Da parte das mulheres, é possível ver o quanto o empoderamento do gênero como grupo vem sendo essencial para que elas assumam cada vez mais papeis importantes que até pouco tempo eram prioritariamente masculinos. A desconstrução é contínua e o espaço da mulher nos ambientes de trabalho é essencial.
Metodologia
Entre os dias 28 e 29 de fevereiro de 2024, a Onlinecurriculo ouviu 500 pessoas de diversos segmentos produtivos, faixas etárias, classes sociais e regiões do país. Mulheres e homens foram entrevistados individualmente, respondendo as perguntas através de questionário estruturado em formato online. Para essa pesquisa, 53% das respostas foram de entrevistadas mulheres, e 47% de entrevistados homens.
Foto: Brenda Sangi Arruda / iStock
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