Fotos: Sara Cheida / Itaipu Binacional
Serão mais 50 Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs) no Estado. Objetivo é disseminar metodologia consolidada para resíduos sólidos
A Itaipu Binacional vai investir R$ 118.612.837,22 na criação de mais 50 Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs) no Estado do Paraná. A assinatura de adesão com representantes dos 50 municípios aconteceu na tarde desta quinta-feira (22), em uma solenidade no Centro de Recepção dos Visitantes (CRV). Pela manhã, as autoridades fizeram uma visita à UVR de Santa Terezinha de Itaipu (PR), considerada modelo em reciclagem.
A expansão do Programa de Gestão de Resíduos Sólidos tem a parceria do Consórcio Intermunicipal de Saneamento do Paraná (Cispar) e do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), que irão coordenar a implantação das UVRs em diferentes etapas.
O PTI vai trabalhar com capacitação dos catadores, campanhas educativas à população, assistência técnica e monitoramento dos indicadores por meio do reciclômetro. O Cispar fará a estruturação dos galpões de reciclagem com maquinário e caminhões, além da execução de eventuais projetos de engenharia, como reformas e construção de barracões.
“O objetivo é que esses 50 municípios, copiando os modelos bem-sucedidos que a Itaipu desenvolve há muitos anos, possam irradiar a experiência de reciclar gerando renda, de tal maneira que o lixo passa a ser luxo”, afirmou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri.
De acordo com o diretor-superintendente do PTI, Irineu Colombo, o “projeto nasceu da intenção de valorizar não só os recicláveis, mas, principalmente, os catadores”. Ele lembra que os municípios que participam do Programa de Gestão de Resíduos Sólidos têm uma taxa de reciclagem de 25%, enquanto a média do Paraná é de 10% e do Brasil de 4%.
O presidente do Cispar, Gerson Luiz Marcato, também prefeito de Jaquapitã (PR), município de 18 mil habitantes no Norte do Estado, contou que, em 2021, a prefeitura tirou as famílias dos lixões para trabalhar na separação dos resíduos nos barracões. “Hoje, com essa parceria, tenho certeza de que poderemos dar mais qualidade de vida às famílias que trabalham todos os dias para prestar esse serviço à sociedade”, disse.
Também participaram da cerimônia o deputado federal, Elton Welter; o deputado estadual, José Rodrigues Lemos; o diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni; o secretário Nacional de Participação Social da Presidência da República, Renato Simões e, representando os catadores, Palmira Aparecida dos Santos.
Durante o evento no CRV, Carlos Carboni, falou sobre a expansão da atuação da Itaipu que, em 2002 atingia uma área de 6.900 km² e, em 2023, com a criação do Programa Itaipu Mais que Energia, chegou a 434 municípios do Paraná e do Mato Grosso do Sul, em uma área total de 264 mil km². “Agora, selecionamos 50 municípios para o programa de reciclagem para que eles sirvam de replicadores, incentivando as cidades vizinhas”, afirmou.
Segundo o gerente da Divisão de Ação Ambiental da Itaipu, Sérgio Angheben, a atuação da Itaipu em relação à coleta seletiva começou em 2003, com a criação do Programa Coleta Solidária. “Em 2010, com a assinatura da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Itaipu mudou sua linha de ação e passou a investir na organização de catadores, tirando os trabalhadores das ruas e os levando aos barracões”, explicou. De lá para cá, foram construídas 67 UVRs.
Modelo para a região
A expansão do Programa de Gestão de Resíduos Sólidos leva aos novos municípios a metodologia já consolidada de reciclagem de resíduos sólidos da região. E Santa Terezinha de Itaipu, que atua na reciclagem há duas década, é considerada modelo, conciliando a valorização dos catadores com as campanhas de educação da população para a separação correta dos resíduos.
Para conhecer um pouco dessa experiência, as autoridades visitaram a UVR da Associação de Catadores de Resíduos de Santa Terezinha de Itaipu (Acaresti). Criada há 20 anos, a Associação passou por uma grande reformulação em 2013, quando passou a distribuir sacos coletores para a população e trabalhar com o convencimento das pessoas. Uma lei municipal também proíbe a coleta dos resíduos por outras pessoas além dos agentes ambientais da própria prefeitura.
“Nós fizemos a campanha de ‘Santa Terezinha de Itaipu, a cidade mais sustentável do Brasil’, para mostrar que a população itaipuense faz parte dessa história”, afirmou a prefeita de Santa Terezinha de Itaipu, Karla Galende. “No início, foi muito complicado essa conscientização, até implantarmos o saco e o calendário de coleta regular. Hoje isso faz parte da rotina das pessoas.”
O resultado foi um aumento exponencial da quantidade reciclada dos resíduos e da renda para as famílias. Em 2013, eram 20 catadores com renda média mensal de R$ 400 e a reciclagem de 35 toneladas ao mês. Atualmente, são 43 catadores com renda mensal de R$ 2.600 a R$ 2.800 e cerca de 130 toneladas de resíduos reciclados todo mês.
Renda que ajuda a manter a família de seis pessoas da catadora Tereza Cristina, 47 anos, há nove na Acaresti. Foi uma amiga que conseguiu o trabalho para Tereza que, na época, estava desempregada. “Eu me dou muito bem com as colegas, sempre estamos nos incentivando”, disse. O objetivo dela, agora, é terminar o ensino médio e fazer faculdade de Ciência Ambiental, além de continuar investindo no artesanato, com seus trabalhos em crochê, tricô, pintura e decupagem.
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