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Um estudo publicado na revista Nature na quarta-feira, 14, revela que cerca de metade da floresta amazônica pode chegar a um ponto de não retorno até 2050, se o desmatamento e as mudanças climáticas continuarem no ritmo atual. Isso significa que a floresta pode perder sua capacidade de se regenerar e se manter, sofrendo alterações drásticas em sua estrutura, biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Uma das consequências seria o aumento do aquecimento global.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de outras instituições do Brasil, Europa e Estados Unidos, com apoio do Instituto Serrapilheira. Eles analisaram como os diferentes tipos de floresta na Amazônia respondem aos fatores de degradação, como o desmatamento, o fogo, a seca e o aumento da temperatura.
Os resultados mostram que 4,6 mil km² da floresta – uma área equivalente a três vezes a cidade de São Paulo – estão sob alto, muito alto ou médio risco de desmatamento até 2024. Além disso, outras áreas estão sob baixo ou muito baixo risco, totalizando 10.190 km² de floresta ameaçada. Os pesquisadores alertam que esses números podem ser subestimados, pois não levam em conta a interação entre os fatores de degradação.
“O ponto de não retorno é quando o sistema entra em um ciclo vicioso de perda de floresta, que não podemos mais controlar. Estamos nos aproximando de todos os limites. Se não mudarmos o cenário atual, todos serão atingidos neste século. E a combinação entre eles pode antecipar o colapso da floresta”, explica Bernardo Flores, um dos autores do estudo.
O estudo ressalta que a Amazônia é um sistema complexo e diverso, que enfrenta uma pressão sem precedentes devido às mudanças globais. Para evitar uma transição sistêmica, os pesquisadores defendem uma abordagem preventiva, que preserve a resiliência da floresta. Isso envolve ações locais para combater o desmatamento e promover a restauração da floresta, bem como ações globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
“Em alguns casos, a floresta pode se recuperar, mas fica presa em um estado degradado, dominado por plantas oportunistas, como cipós ou bambus. Em outros casos, a floresta não se recupera mais e fica presa em um estado de vegetação aberta e com incêndios recorrentes”, conclui Flores.
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