Um em cada cinco alunos brasileiros está sendo educado em escolas que enfrentam uma grave escassez de professores, com um impacto particularmente negativo no ensino de matemática, revela o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022. Este cenário representa um desafio crescente para o sistema educacional do país.
O relatório do Pisa, que avaliou cerca de 690 mil estudantes de 15 anos em 81 países e regiões, incluindo 10.798 alunos brasileiros de 599 escolas, aponta que 22,3% dos estudantes no Brasil estão em instituições onde a falta de docentes afeta as atividades acadêmicas. Notavelmente, 11,7% dos alunos sofreram com aulas ministradas por professores não qualificados na disciplina lecionada.
Comparativamente, em 2018, estas situações afetavam 17,6% e 11,3% dos estudantes, respectivamente. O relatório destaca um aumento global na carência de professores qualificados, com 46,7% dos estudantes em países membros da OCDE sendo impactados pela falta de docentes, um salto significativo em relação aos 26,1% em 2018.
A análise do Pisa revela uma correlação direta entre a escassez de professores e o declínio no desempenho em matemática. Globalmente, houve uma queda acentuada na pontuação média nesta disciplina, de 487 para 472 pontos na OCDE, equivalendo a uma perda de meio ano de aprendizado escolar.
No Brasil, historicamente desafiado na área de matemática, a média em 2022 foi de 379 pontos, uma leve queda em relação aos 384 pontos de 2018. Este declínio é preocupante, dada a já baixa pontuação do país na disciplina nas últimas duas décadas.
Um fator crítico por trás desse fenômeno é a dificuldade do Brasil em formar professores para disciplinas de exatas. Dados do Inep indicam que 70% dos estudantes em licenciaturas nessas áreas abandonam o curso, com apenas 30% concluindo a licenciatura em matemática. Essa baixa taxa de conclusão é atribuída a dificuldades acadêmicas herdadas da educação básica e à falta de atratividade da carreira docente.
A escassez de professores já é uma realidade em muitas regiões do país, inclusive em São Paulo, o estado mais rico do Brasil. Estudos projetam um déficit de 240 mil professores até 2040, com as exatas sendo as mais afetadas.
Dados Relevantes:
22,3% dos alunos brasileiros em escolas com falta de professores.
11,7% dos alunos têm aulas com professores não qualificados na disciplina.
Aumento do déficit de professores entre 2018 e 2022.
Queda na pontuação média em matemática globalmente e no Brasil.
70% de abandono em licenciaturas de exatas no Brasil; apenas 30% concluem a graduação.
Projeção de déficit de 240 mil professores no Brasil até 2040.
Foto: Sumaia Vilela / Agência Brasil
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