Supremo Tribunal retrocede nos esforços por diversidade e cotas nos EUA

Em junho deste ano, o Supremo Tribunal dos EUA proibiu o uso de cotas raciais em processos de seleção para instituições de ensino superior.

  • Por Vitor Germano

    Em junho deste ano, o Supremo Tribunal dos EUA proibiu o uso de cotas raciais em processos de seleção para instituições de ensino superior. Essa jurisprudência poderia vir a ter um efeito dominó em outros programas de ação afirmativa, levando a uma desaceleração e, talvez, à perda de conquistas históricas do movimento.

    Uma pesquisa realizada pela Paradigm, uma firma de consultoria em Diversidade, Igualdade e Inclusão, feita em setembro, concluiu que os esforços pela diversidade têm desacelerado em tempos recentes. Na pesquisa, 54% das empresas estudadas tinham uma parte do orçamento dedicada a tais objetivos, uma diminuição de 4 pontos percentuais em comparação com 2022.

    O relatório da Paradigm alerta que, apesar de terem ocorrido vitórias significativas para a inclusividade neste último ano, a tendência geral é de desaceleração, e pode sinalizar uma grande mudança em anos futuros.

    Coletar dados sobre contratações e promoções com base em gênero ou etnia é importante para identificar potenciais práticas discriminatórias. Uma vez identificadas, programas podem ser implementados para combater estas práticas. Mas esforços de inclusão, como ação afirmativa, têm se tornado cada vez mais polarizantes.

    ‘Forças externas não estão mais incentivando companhias a investirem em diversidade; em alguns casos, forças externas têm se oposto às companhias que investem em diversidade’, disse o relatório.

    Neste ano, o governador do estado da Flórida, Ron DeSantis, que é pré-candidato à presidência pelo Partido Republicano, sancionou uma lei proibindo que as universidades e faculdades públicas do estado invistam dinheiro em programas de inclusão.

    De acordo com DeSantis, ‘Se você for olhar a forma que isso tem sido implementado pelo país, o que observamos não é ‘Diversidade, Inclusão e Igualdade’, mas ‘Discriminação, Exclusão e Doutrinação’ (…) E isso não tem lugar em nossas instituições públicas’.

    Ainda assim, mesmo entre as companhias que investem em programas de diversidade, só 35% fazem algum esforço para medir o impacto material de tais programas, dificultando o trabalho de organizações como a Paradigm. Sem dados para análise, torna-se impossível comprovar que esforços de diversidade são bons para uma organização, mas esta faca corta para os dois lados: também é impossível comprovar que são ruins.

    Foto: Divulgação / Pixabay

    Comentários estão fechados.