Com o Brasil se tornando progressivamente mais envelhecido, um problema recorrente e preocupante se destaca: a exclusão dos idosos no cenário de consumo. Atualmente, indivíduos com mais de 60 anos já superam o número de jovens de 20 anos no país.
Entretanto, ainda enfrentam barreiras que os tornam “invisíveis” para as empresas, não apenas como consumidores, mas também como profissionais qualificados.
Estatísticas
> Conforme o IBGE, em 1970, apenas 5,1% da população brasileira tinha 60 anos ou mais. Esse percentual triplicou, atingindo 15,6% atualmente, o que equivale a cerca de 33,7 milhões de pessoas. Por outro lado, os jovens de 20 a 29 anos somam 33,5 milhões.
> As crianças entre 0 e 14 anos, que representavam 42% da população em 1970, agora representam 20,3%.
Preconceito Etário: Um mal silencioso
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o etarismo como uma prática que utiliza a idade para categorizar e dividir as pessoas, causando danos, desvantagens e injustiças.
Tal prática quebra a solidariedade entre as gerações. Em uma pesquisa global realizada pela OMS com mais de 83 mil indivíduos de 57 países, foi revelado que pelo menos uma em cada duas pessoas tem atitudes preconceituosas em relação à idade.
Sociedade em Transição
Gisela Castro, especialista em Comunicação e Práticas de Consumo, em entrevista à Folha S. Paulo, ressaltou que enquanto a sociedade tem progredido no reconhecimento dos direitos das pessoas negras e homossexuais, o mesmo não acontece com os idosos. Muitos ainda encontram humor em piadas voltadas para os mais velhos, denotando uma aceitação tácita do preconceito etário.
Setores Críticos
Setor Financeiro: A digitalização rápida das operações bancárias tem criado desafios para os idosos, que frequentemente enfrentam dificuldades ao usar caixas eletrônicos e outros serviços digitais.
Seguros e Saúde: Os planos de saúde, por exemplo, tendem a ficar mais caros conforme o cliente envelhece. Seguros de automóveis também costumam penalizar motoristas mais velhos com taxas mais altas.
Mercado e Marketing: Muitas empresas ainda veem o público mais jovem como o principal alvo, ignorando um mercado potencial de idosos financeiramente estáveis e leais às marcas. A falta de diversidade nas agências de propaganda e departamentos de marketing contribui para essa visão distorcida.
É preciso mudar
A crescente população de idosos no Brasil, que é financeiramente resolvida e menos volúvel em relação às gerações mais jovens, merece reconhecimento e respeito. As empresas precisam adaptar-se a essa mudança demográfica, garantindo que os idosos não apenas sejam vistos, mas também valorizados em todos os setores da sociedade.
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