Foto: IAT
Uma ação do Instituto Água e Terra (IAT) reforçou a importância da recuperação da área de restinga no Litoral do Paraná. O ninho com cerca de 30 ovos encontrado durante a substituição da vegetação exótica por plantas nativas na Praia Brava, em Caiobá, deu origem a oito lagartos da espécie Salvator merianae, o popular lagarto Teiú. O grupo regressou à natureza essa semana, solto por biólogos do órgão no Parque Estadual Rio da Onça, em Matinhos. O IAT é vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest).
A iniciativa integra o pacote ambiental de revitalização da orla da cidade, um investimento de R$ 314,9 milhões do Governo do Estado, a maior intervenção urbana da história do Litoral. Prevista para ser finalizada até o segundo semestre de 2024, a obra vai ampliar o espaço verde da faixa de areia em 116%, passando dos atuais 34,7 mil metros quadrados para 75 mil metros quadrados.
“Estamos tomando todo o cuidado possível para que essa obra seja a mais sustentável, perfeita do ponto de vista ecológico, como determinou o governador Carlos Massa Ratinho Junior. Ao final do projeto, a Orla de Matinhos será ainda mais verde, com uma restinga formada exclusivamente por espécies da região”, afirmou o diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do Instituto Água e Terra (IAT), órgão vinculado à Sedest, José Luiz Scroccaro. “Toda essa fauna, a vida em torno da restinga, também será bem cuidada”.
Os ovos foram encontrados pela equipe do Programa de Resgate à Fauna no dia 8 de dezembro de 2022. De acordo com a bióloga Aline Woitowicz, da Arcgeo Engenharia e Meio Ambiente e responsável pelo projeto, após o resgate os ovos foram acondicionados na incubadora de uma clínica veterinária especializada em animais silvestres. No dia 31 de janeiro, cerca de 10 ovos eclodiram, mas somente nove lagartos sobreviveram. Destes, um teve que voltar para a clínica, enquanto os outros oito puderam regressar à natureza.
“Esta é a função do Programa de Resgate da Fauna, salvar o máximo de espécimes durante obras de grande magnitude, como é o caso da recuperação da Orla de Matinhos. Resgatamos os animais, fizemos uma triagem do estado de saúde e, verificado que existe a possibilidade de retorno à vida livre, levamos para os locais de soltura pré-determinados para cada espécie Foi o que aconteceu com esses lagartos”, explicou Aline.
A espécie Salvator merianae é muito comum na América Latina. Segundo o engenheiro florestal Hiago Adamosky Machado, gerente de projetos da empresa Arcgeo Engenharia e Meio Ambiente, ele habita desde o litoral até as montanhas, e é um animal muito resistente. Na natureza, o Teiú tem a importante função ecológica de controle populacional. “Eles são onívoros e, como tal, se alimentam de organismos que são vetores de doenças humanas e pragas agrícolas, auxiliando no controle biológico de organismos que poderiam ameaçar a nossa saúde”, destacou.
Os oito lagartos serão monitorados durante as duas próximas semanas. O acompanhamento serve para avaliar se os animais estão se adaptando bem ao novo ambiente, integrados à natureza do Parque Estadual Rio da Onça.
COMPENSAÇÃO – Implementando pelo IAT em parceria com o Consórcio Sambaqui, vencedor da licitação pública para realizar a obra, o Programa de Resgate à Fauna compõe as ações de mitigação dos impactos das intervenções de recuperação da Orla de Matinhos. Atende à legislação vigente e ao projeto executivo desenvolvido pelo Governo do Estado para o reequilíbrio ambiental do local.
AEN
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