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O Talibã, com sua interpretação rigorosa do islamismo, impôs restrições severas às mulheres desde que retomou o controle do Afeganistão. A discriminação é vista em todas as áreas da vida das mulheres, desde os estudos até o trabalho, com a vida social praticamente inexistente. Às vésperas do Dia Internacional das Mulheres, aumentam os relatos de anulação de divórcios, algo que era mais aceito no período em que os extremistas não estavam no poder.
A violência doméstica no Afeganistão é endêmica e a ONU afirma que nove em cada dez afegãs sofrem violência física, sexual ou psicológica de seus parceiros. Porém, o divórcio ainda é um tema tabu e a sociedade é impiedosa com as mulheres que optam por deixar seus maridos.
Com o governo anterior, as taxas de divórcio aumentaram em algumas cidades, onde houve algum progresso em relação aos direitos das mulheres, especialmente em educação e empregos. No entanto, as mulheres enfrentam grande dificuldade em conseguir se divorciar agora, pois as autoridades do Talibã só permitem o divórcio em casos específicos, como quando o marido é viciado em drogas ou deixou o país. Em casos de violência doméstica ou quando o marido se recusa a conceder o divórcio, o tribunal geralmente não concede.
A situação tem levado muitas mulheres a viver em um ambiente de terror. Marwa, por exemplo, vive escondida com seus oito filhos desde que os comandantes talibãs anularam seu divórcio e a obrigaram a voltar para o casamento com seu ex-marido violento, que quebrou todos os seus dentes. Apesar de seus filhos estarem passando fome, Marwa decidiu fugir e se esconder com eles em um lugar distante, onde ninguém os conhece.
Em resposta às denúncias de mulheres sendo forçadas a voltar para seus ex-maridos, um dirigente talibã disse que examinaria os casos de acordo com a lei islâmica. Quanto aos divórcios aprovados nos governos anteriores, o Talibã ainda não decidiu se irá reconhecê-los ou não. A situação é preocupante para muitas mulheres afegãs que temem pela sua segurança e pelos seus direitos.
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