Campanha Janeiro Branco entra na nona edição trazendo debates sobre saúde mental

População brasileira é campeã em casos de ansiedade. Com a pandemia, 79% da população relata dores emocionais.

  • População brasileira é campeã em casos de ansiedade. Com a pandemia, 79% da população relata dores emocionais

     Janeiro é marcado como o mês em que as pessoas organizam diversos pontos da vida: metas financeiras e cuidados com o corpo são alguns dos objetivos mais comuns traçados para o novo ano. Um importante aspecto, contudo, nem sempre é observado com a mesma importância, não só durante o primeiro mês do ano, como os outros 11 meses: a saúde mental, tema discutido na campanha Janeiro Branco, que acontece desde 2014.

    Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) do ano de 2019 já apontavam o Brasil como um dos campeões em casos de ansiedade e depressão: cerca de 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) conviviam com esses males. Com a chegada da pandemia, o cenário se tornou mais crítico: o isolamento social se tornou um novo fator somatório às mazelas emocionais do brasileiro. Se antes o stress do trabalho contribuía para crises de ansiedade, há cerca de dois anos, fatores como a distância física de amigos e familiares, além do receio de ficar doente ou perder pessoas para a Covid-19 agregam para a lista de motivos que levam os brasileiros a adoecerem mentalmente.

    Isso se reflete em números alarmantes. Segundo a OMS, apenas no primeiro ano da pandemia, casos de depressão e ansiedade tiveram aumento de 25%. Em recente pesquisa realizada pelo Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria, foi revelado que 79% dos entrevistados se dizem afetados mentalmente pelos efeitos da pandemia. Os relatos são de episódios de tristeza, crises de choro, insônia, irritação e angústia/medo.
    Esses sintomas são comuns e precedem a época pandêmica. É o que declara Jéssica Barbetto, psicóloga que atua na Humana Saúde, operadora de grande atuação no Paraná.

    “Antes, as pessoas tendiam a mascarar seus problemas com a correria do dia a dia. A pandemia nos obrigou a parar, e essa interrupção nas atividades fez com que as pessoas tivessem mais contato com seu emocional. Logo, a pandemia não causou ansiedade nas pessoas, só escancarou nossas fragilidades”, diz.

    Três anos após o auge da pandemia, o desafio de driblar as ansiedades persistem.

    “Estamos cada vez mais voltando à antiga rotina, mas o período de isolamento vai trazendo consequências a longo prazo: Muitas crianças desenvolveram ansiedades e inseguranças em pleno período de desenvolvimento e adultos seguem lidando com diversas consequências do luto, por exemplo”, declara Jéssica.

    SOBRE O JANEIRO BRANCO
    A campanha, que acontece durante todo o mês de janeiro, entra em sua nona edição trazendo uma série de ações voltadas a discussão do tema. São debates, palestras e eventos espalhados por todo o país, com o objetivo de conscientizar as pessoas para a cultura de cuidados com a saúde emocional.

    “Assim como quando estamos com dor de dente, vamos ao dentista ou quando temos problemas cardíacos, procuramos um cardiologista, temos que normalizar a procura por um profissional para tratar nossas dores emocionais e não as negligenciar”, declara a profissional, que acha importante pensar a psicologia como local de acolhimento.

    ATENDIMENTO REMOTO É UMA OPÇÃO
    Com a necessidade de fazer isolamento social, práticas como a Telemedicina se tornaram comuns. A psicologia é uma das áreas mais procuradas para o atendimento remoto e diversos planos de saúde trabalham com essa opção. No atendimento à distância, o paciente precisa criar um espaço próprio, em que se sinta confortável e haja intimidade para falar de suas emoções.

    Foto: Reprodução / Educa mais Brasil 

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