Uma rua na zona norte de São Paulo está coberta de desenhos alusivos à Copa do Mundo do Catar. Há sete edições do mundial, ou seja, desde 1998, que os vizinhos da Rua Capitão Siqueira Barbosa, na Parada Inglesa, se reúnem para pintar o asfalto com ilustrações da bandeira do Brasil, do mascote da Copa, e de craques do futebol do brasileiro.
A rua com 250 metros, que mais parece um grande tapete, tem ainda a imagem do Seninha – personagem que homenageia o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna e do Pelezinho, personagem de histórias em quadrinhos criado por Mauricio de Sousa baseado no astro do futebol Pelé em sua infância. Ainda há pinturas das bandeiras dos países que participam desta edição do mundial.
Ainda extasiado com a vitória do Brasil sobre a Suíça, na segunda-feira (28), o autônomo Álvaro Diniz, de 58 anos, mais conhecido como Vea, conta como tudo começou. “Começou com uma bandeira, depois pegamos o gosto e começamos a fazer o tapetão”.
A verba para a compra das tintas é feita por arrecadação. “A tinta vem da vizinhança, aquela tinta que está guardada no fundo da garagem, que o pessoal não vai usar mais, a gente também faz uma vaquinha, porque para pintar esse rua, que são 250m não tem como ter tanta tinta na garagem!”, brinca o organizador da decoração, de 58 anos, que mora na rua desde que nasceu.
Foram mais de 30 pessoas envolvidas na pintura e três finais de semana de trabalho. “Reunimos a turma, são mais de 30 vizinhos e amigos que vêm de fora para ajudar. Para a gente ficar sossegado e assistir os jogos foram três finais de semana de pinturas: sábado e no domingo a gente fechava a rua, era o dia inteirinho”.
Os desenhos vêm de várias copas, afirma Vea. “Nós homenageamos os artistas brasileiros e os ídolos, temos o Cascão, a Mônica e o Pelezinho, do Maurício de Sousa, porque vem muitas crianças ver a rua e gostam deles. Tem as caricaturas, tem até o Tite [técnico da seleção], a criançada adora. Temos os ídolos, como Pelé, o Neymar e ainda o Seninha e a MacLaren do Senna”.
A pré-pintura exige organização. “Minha sobrinha, a Larissa, escolhe os desenhos e imprime, depois vamos quadriculando no papel, como fosse um tabuleiro de jogo de dama, em seguida traçamos os desenhos com o gesso, fazemos o risco e enfim, pintamos. As pessoas mais detalhistas ficam com os desenhos mais complexos, mas todos nós pintamos. Três desenhos foram feitos por amigos nossos, que fizeram direto na mão, são verdadeiros artistas”.
O morador mais antigo da rua, o aposentado Reinaldo Ávila Queiroz, de 92 anos, aprovou a pintura do local. “Essa decoração é linda. Eu fico só assistindo a bagunça, o povo pintando aqui. Realmente fica bonito, para mim é uma das ruas mais bonitas da capital”.
Palpites
Vea acredita que o Brasil chega até as finais, mas tem mudar a escalação. “Se o Tite mudar o jogo dele, por um Everton Ribeiro, para colocar articulação igual ao Neymar, por o Rodrigo junto, se der certo, acho que vou continuar nos meus 3 x 0 para o próximo jogo, para a seleção deslanchar, né. O Brasil está merecendo! A gente pinta há sete anos, a gente quer ver o Hexa!”. É muita alegria nos jogos, ele completa: “A gente se reúne, faz churrasco para ver os jogos, é muito bacana!”.
Já o palpite do vizinho Reinaldo Ávila Queiroz é de 2×0 para o Brasil. “Esse ano o Brasil chega no Hexacampeonato, e o próximo jogo vai ser 2×0 em cima de Camarões!”, acredita o aposentado.
Brasil joga contra Camarões na próxima sexta-feira (2), no Estádio Lusail às 16h (horário de Brasília). Será o último jogo pelo Grupo G.
Agência Brasil/Foto: Rovena Rosa
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