Foto: Instagram/Reprodução
Poucas semanas após expor seu diagnóstico de endometriose, Anitta foi internada para se preparar para uma cirurgia para eliminar os focos da doença, na última terça-feira (19). Contudo, apesar de parecer uma alternativa definitiva, o procedimento depende do quadro clínico da paciente e não garante cura.
A endometriose se caracteriza pela presença do tecido que reveste o útero (endométrio) em outras regiões do corpo. Por isso, a doença benigna pode acometer diversos órgãos além do útero e dos ovários. Segundo o Ministério da Saúde, uma a cada 10 mulheres sofre com os sintomas da condição, que embora possa ser assintomática, normalmente se caracteriza por dores, cólicas menstruais intensas e dificuldade para engravidar.
Márcia Mendonça Carneiro, ginecologista, professora associada da Faculdade de Medicina da UFMG e membro da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que a escolha do método de tratamento depende de avaliação médica, considerando os sintomas apresentados, desejo reprodutivo, idade da paciente e as características das lesões (localização e gravidade).
Antes de considerar a cirurgia, é comum a indicação do tratamento medicamentoso, a partir de hormônios para suspensão da menstruação, como pílula combinada ou de progesterona, implante hormonal ou DIU medicado.
“O tratamento hormonal está indicado para as mulheres que não desejam engravidar e não apresentam risco de obstrução intestinal ou urinária. Apesar de seguro, o método não funciona adequadamente ou não é tolerado por até 30% das mulheres. Constituem efeitos colaterais comuns o sangramento irregular, dores de cabeça e alterações da libido”, informa a especialista
A cirurgia tende a ser uma segunda alternativa. O procedimento, realizado por videolaparoscopia (vídeo) ou laparotomia (barriga aberta), visa remover todos os focos visíveis e/ou palpáveis de endometriose em uma única cirurgia, a fim de melhorar a dor, a qualidade de vida e a fertilidade da paciente.
Mesmo após o procedimento, é indispensável o tratamento hormonal, de modo a evitar a recorrência da condição. “A doença é crônica e a cura definitiva não ocorre. Dessa forma, os tratamentos não-cirúrgicos devem ser maximizados para evitar operações repetidas, que não necessariamente produzem alívio da dor”, acrescenta a ginecologista.
O tratamento cirúrgico requer avaliação pré-operatória minuciosa, para determinação dos focos de doença, “o que possibilita que possíveis dificuldades cirúrgicas e eventuais complicações intra-operatórias sejam antecipadas”. Além disso, é indispensável um profissional habilitado e experiente no método, a fim de que seja realizada uma operação conservadora, conforme alerta Márcia.
“Os implantes da doença devem ser tratados de tal modo que os órgãos reprodutivos (útero e ovários) permaneçam preservados. Estudos revelam que os melhores resultados são obtidos quando o tratamento é realizado por equipe multidisciplinar, composta por ginecologista, coloproctologistas e especialistas em infertilidade”, explica a médica.
Por fim, a especialista destaca que, para amenizar os sintomas, além dos tratamentos citados, é importante mudanças no estilo de vida, com alimentação saudável (preferencialmente anti-inflamatória) e prática de atividades físicas, bem como o acompanhamento médico multidisciplinar.
*Com informações Estadão Conteúdo
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