30% dos casos de câncer de pulmão são entre não fumantes

70% dos casos de câncer de pulmão são entre pessoas que têm ou tiveram contato com cigarro, já os outros 30% provém de fatores modificáveis.

  • O tabagismo é o fator preponderante em relação aos casos de câncer de pulmão. Cerca de 70% das ocorrências são de pessoas que têm ou tiveram contato com o cigarro, segundo a publicação científica do Reino Unido The BMJ. O número expressivo faz com que boa parte das campanhas se voltem para esse público.

    Ao olhar para os 30% restantes, no entanto, observa-se um grupo que também requer atenção: casos de câncer de pulmão por fatores modificáveis.

    Os exemplos são trabalhadores expostos à sílica, amianto e à metais pesados, além de pessoas de regiões com altos índices de poluição atmosférica.

    “No mínimo 10% dos casos de câncer de pulmão em homens é de origem ocupacional. Nas mulheres, essa fração é muito menor pelo perfil de trabalho, que é menos frequente nessas atividades com a exposição. Mas tem também a exposição ambiental, a poluição atmosférica é responsável por cerca de 5% a 10% dos casos de câncer de pulmão”, aponta o pneumologista Gustavo Faibischew Prado, coordenador da Comissão de Pneumologia do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica.

    Ele lembra que há também a exposição ao radônio, um gás que emana do solo em regiões ricas em minérios que dão origem a ele, como urânio e rádio. Isso é comum em países do Hemisfério Norte e ao norte da América do Norte.

    “Todos [os fatores] poderiam ter maior controle. Até mesmo o radônio, que a gente não pode impedir que ele emane do solo, a estratégia de redução da exposição é a concretagem de lajes de subsolo em edifícios comerciais ou residenciais”, explica.

    O monitoramento do gás se dá da mesma forma que se monitora a concentração de monóxido de carbono, como é feito em São Paulo. “O único não modificável são fatores genéticos”, destaca o pneumologista.

    Segundo Prado, esse tipo de câncer normalmente é encontrado de forma não intencional por um exame solicitado por outro motivo.

    “A gente viu bastante, durante a pandemia, porque, de certa forma, baixamos muito os limiares para solicitação de exames de imagem, como tomografia de tórax, para pacientes com sintomas respiratórios suspeitos para covid. Com isso, a gente teve muito diagnóstico incidental de nódulos pulmonares e muitas dessas lesões pequenas foram investigadas e diagnosticadas como câncer de pulmão.”

    O médico pneumologista lembra ainda que atualmente existem diversas opções para tratamento do câncer de pulmão, “aproximando os pacientes da cura, o que era um cenário bastante mais desafiador até pouco tempo atrás”.

    Informações da Agência Brasil

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