A publicação na imprensa que a prefeitura de Campo Mourão destinou uma área para a implantação de um Terreno de Passagem para alojar famílias de indígenas que comparecem à cidade para vender artesanatos levou moradores de alguns bairros próximos ao local a uma atitude racista que recebeu imediata reprovação da comunidade e das entidades que defendem os direitos dos índios.
Alguns moradores fizeram um abaixo-assinado reprovando a mudança de índios para as vizinhanças, alegando, por exemplo, que não foi feita nenhuma consulta ou estudo dos impactos que seriam provocados, que não há saneamento suficiente para receber mais gente e até que a presença dos índios causaria a desvalorização dos imóveis daquela região da cidade.
Repúdio ao racismo
O Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Campo Mourão (Compir) divulgou uma nota de repúdio ao abaixo-assinado e explica que o Conselho tem a atribuição de acompanhar e propor medidas de proteção a direitos violados ou ameaçados de violação por discriminação racional ou qualquer outra forma de intolerância.
“Repudiamos a desvalorização das condições de vida da população Kaingang da aldeia Ivaí, em Manoel Ribas, que periodicamente passa por Campo Mourão para vender seus artesanatos, ao serem comparados ao valor de especulação de terrenos vazios; repudiamos a atitude de acusar a falta de higiene de grupos que são privados ao acesso mínimo a saneamento básico por parte do poder público; repudiamos também a cultura controversa que vê nos indígenas potenciais depredadores do ambiente”, ressaltou a nota do Conselho.
Para a entidade, as pessoas que assinaram o tal abaixo-assinado demonstram desconhecimento, discriminação e atitude racista em relação às culturas indígenas.
“O fato do conteúdo discriminatório foi evidenciado em reportagem, na qual a população indígena é acusada de ser um perigo às mulheres e à propriedade privada – ou seja, são acusados de serem violadores e assaltantes. Repudiamos essa expressão racista”, afirma o Compir
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