As agências de checagem de notícia que trabalham para os principais órgãos da imprensa brasileira foram rápidas em atestar que é falsa a notícia que vem sendo veiculada nas redes sociais dando conta que “a Universidade de Oxford afirmou que a Ivermectina reduz a replicação do novo coronavírus”.
Várias agências de checagem foram acionadas e todas concluíram que a notícia, cuidadosamente montada para dar aspecto de publicação em jornal ou revista, é falsa. Pesquisadores da Universidade de Oxford não concluíram um estudo que demonstra que a Invermectina reduz a replicação do SARS-Cov-2, vírus que causa a covid-19.
A Lupa, primeira agência de fact-checking do Brasil e que tem suas análises publicadas pela Folha de São Paulo, Revista Piauí e portal UOL, apurou que, na verdade, a universidade anunciou, apenas, que iniciará estudos clínicos com o medicamento. Em comunicado à imprensa, a instituição menciona que estudos in vitro demonstraram que a droga pode reduzir a replicação do vírus, mas conclui que há pouca evidência, até o momento, de que ela sirva para acelerar a recuperação da doença – e, justamente por isso, o remédio será estudado de forma mais aprofundada.
A Universidade de Oxford iniciou em 23 de junho um ensaio clínico para testar se a ivermectina funciona no tratamento da Covid-19. O medicamento foi incluído na Plataforma de Ensaio Randomizado de Tratamentos para Epidemias e Doenças Pandêmicas (Principle, na sigla em inglês), maior ensaio clínico mundial de possíveis medicamentos contra a doença, sob o argumento de que, em estudos laboratoriais, resultou na redução da replicação do vírus. Isso não quer dizer que os testes comprovaram os benefícios da ivermectina, pois eles nem mesmo começaram.
Pelas conclusões da Lupa, as justificativas para incluir o antiparasitário no estudo foram tiradas de contexto para dar a entender que eram resultados consolidados da Universidade de Oxford. Na verdade, o site da instituição britânica explica que a ivermectina foi incluída no Principle porque estudos in vitro mostraram que reduziu a replicação do Sars-CoV-2 e também porque um pequeno estudo piloto mostrou que administrar o medicamento antecipadamente poderia reduzir a carga viral e a duração dos sintomas em alguns pacientes com quadros leves. No entanto, no mesmo parágrafo a universidade destaca que “há pouca evidência de ensaios clínicos randomizados em grande escala para demonstrar que ela pode acelerar a recuperação da doença ou reduzir a internação hospitalar.”
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