Por Mariane Morisawa
Estamos na era de ouro da fantasia na TV? Parece que sim, com os lançamentos, no espaço de um mês, de Sandman, baseada nos quadrinhos de Neil Gaiman, na Netflix, de A Casa do Dragão, derivada de Game of Thrones, na HBO, e de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, inspirado pela obra de J.R.R. Tolkien. Os dois primeiros episódios chegaram ao Prime Video nesta quinta, 1º, às 22h. Os seis restantes vão entrar semanalmente às sextas, à 1h da manhã (Brasília).
O Senhor dos Anéis, o livro, inspirou uma série de autores, incluindo George R.R. Martin, autor de As Crônicas de Gelo e Fogo e Fogo & Sangue, em que se baseiam Game of Thrones e House of the Dragon, e J.K. Howling, autora da saga Harry Potter – até na maneira de assinar os nomes. A trilogia cinematográfica dirigida por Peter Jackson também foi influente e provou que filmes com orcs e elfos poderiam inovar visualmente e até ganhar Oscars. Os Anéis de Poder, série criada por Patrick McKay e John D. Payne, que têm zero créditos em seus nomes, chega com esse peso.
Sem contar o rótulo de série mais cara de todos os tempos. Só a primeira temporada teria custado estimados US$ 462 milhões, ou quase US$ 60 milhões por episódio. Para comparar, a primeira temporada de Game of Thrones tinha um orçamento de cerca de US$ 6 milhões por capítulo e foi um marco. O preço estimado por capítulo de House of the Dragon é de menos de US$ 20 milhões. Isso dá uma ideia da grande aposta do Prime Video (antes Amazon Prime Video).
Mas de onde vem a história de Os Anéis de Poder? A série não é uma adaptação de uma obra de Tolkien em si, mas de trechos, notas e frases espalhadas em sua obra, falando sobre a Segunda Era da Terra-Média, milhares de anos antes dos eventos de O Senhor dos Anéis e O Hobbit.
O grande mal, Morgoth, aparentemente foi derrotado, e os orcs foram extintos. Mas não para Galadriel (Morfydd Clark), comandante elfa que vem procurando Sauron, discípulo de Morgoth e responsável pela morte de seu irmão. Seu amigo Elrond (Robert Aramayo) tenta convencê-la a aceitar a aposentadoria, mas ela não está muito disposta. Elrond é enviado para trabalhar com Celebrimbor (Charles Edwards), elfo artesão, que quer desenvolver a Terra-Média e será responsável por forjar os anéis do título.
Elrond propõe uma união com o Reino Anão. O príncipe Durin (Owain Arthur) é seu amigo – ou pelo menos é isso que Elrond acha. O elfo Arondir (Ismael Cruz Córdova) e a humana das Terras do Sul Bronwyn (Nazanin Boniadi) encontram evidências de que o período de calmaria na Terra-Média não vai durar muito. Míriel (Cynthia Addai-Robinson), a rainha regente de Númenor, uma ilha do Reino dos Homens, vai ter problemas com a influência de Sauron. Enquanto isso, a curiosa Hobbit Pé-Peludo Nori (Markella Kavenagh) decide ajudar um homem misterioso que cai do céu (Daniel Weyman).
DETALHES
O Estadão teve acesso aos dois primeiros episódios, dirigidos pelo espanhol J.A. Bayona, e dá para dizer que a produção empregou bem seu orçamento, com efeitos visuais, cenários, figurinos impressionantes. “Houve um esforço muito grande de construir o máximo possível, sem usar computação gráfica em tudo”, disse a atriz Cynthia Addai-Robinson ao Estadão. “A atenção aos detalhes foi muito grande.”
Os Anéis de Poder tem algo em comum com Sandman e House of the Dragon: não só há muitas personagens femininas como mais diversidade no elenco. O Senhor dos Anéis, a trilogia de longas, tinha apenas duas mulheres de peso, Galadriel (Cate Blanchett) e Arwen (Liv Tyler), e, mesmo assim, com participação limitada. Aqui, não. Todos os núcleos são liderados ou coliderados por mulheres.
“Estamos contando essa história que vale para todas as épocas, mas também estamos contando essa história agora”, disse Addai-Robinson. “Há uma oportunidade de usar essa adaptação, que fala de diferentes culturas e raças se unindo para derrotar um inimigo comum, para representar 2022”, completa ela, que disse sempre se sentir um pouco distanciada da obra de Tolkien. “Como espectadora, quero assistir a algo que seja um reflexo do mundo como sei que ele é e do mundo que aspiro ver, mesmo que seja em uma fantasia.”
Tristan Gravelle, que faz Pharazôn, conselheiro de Míriel, acredita que a série Os Anéis de Poder apenas espelha a própria obra de Tolkien. “Qualquer história de fantasia é muito heterogênea. Se algo é muito homogêneo, tende a ser distopia”, afirmou. “O mundo de Tolkien é muito heterogêneo, e estamos refletindo isso.”
Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução/Twitter @PrimeVideoBR
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