“Nenhuma crítica ia ter mais significado para mim do que a da mulher que foi casada com Elvis Presley”, disse Baz Luhrmann na entrevista coletiva de Elvis, sua cinebiografia do cantor que estreou, fora de competição, no Festival de Cannes.
Depois da primeira sessão para Priscilla Presley, ela estava chorando, e Luhrmann ficou temeroso. Mas depois ela mandou um bilhete dizendo que não estava preparada para o que tinha visto, pois revivia o espírito do homem que ele era. “Agora, a filha e a neta que conviveram pouco com ele têm algo que podem ver”, disse o cineasta.
Elvis mostra a vida do astro da infância como único menino branco em um bairro de negros até sua morte precoce, aos 42 anos. Desde o início, o cantor, interpretado por Chaydon Jay quando criança e Austin Butler (Era uma Vez… em Hollywood) no resto do filme, foi influenciado pela música e a dança que via em bares, apresentações e igrejas dos negros, em um sul dos Estados Unidos ainda segregado.
O artista é descoberto ainda jovem pelo Coronel Tom Parker (Tom Hanks), que seria seu empresário pelo resto da vida. Parker é um personagem ambíguo, sendo tanto grande responsável por Elvis ter virado um astro quanto um sujeito de poucos escrúpulos.
“Era uma relação simbiótica”, disse Hanks na coletiva. “Eu disse para o Baz Luhrmann que era o homem certo para o papel antes de ver as fotos de Parker. Quando finalmente vi como ele era, pensei que tinha feito besteira”, completou o ator, que usou bastante maquiagem protética.
Butler, por sua vez, ficou dois anos estudando Elvis Presley e canta boa parte dos números. “Eu fiquei obcecado, percebia como sua voz e seus movimentos mudaram ao longo dos anos. Mas o mais importante era encontrar a humanidade nesse ícone”, disse o ator, admitindo ter colocado expectativas muito altas sobre si mesmo. “Eu queria ficar fisicamente idêntico a ele. Diversas vezes nas cenas estava fazendo demais e tive de diminuir. Precisei atravessar o nervoso e encontrar a vida do personagem.” O esforço valeu a pena. Butler dá um show e tem tudo para ser indicado ao Oscar.
Conteúdo Estadão por Mariane Morisawa
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