Por Ana Raíza Yoshioka
O aço é um componente industrial relevante em vários setores e, no geral, tem participado do crescimento da Construção Civil, cujo valor ficou em torno de 2,1% no primeiro semestre deste ano, conforme dados do IBGE. De todo o montante comercializado, há duas maneiras de se obter o produto final: a partir do minério de ferro, em constante ascensão de preço e demanda, e em forma de sucata. Comparando-se ao ano de 2020, observou-se um aumento expressivo da produção, principalmente de laminados e planos, como mostram os dados do Instituto Aço Brasil, na tabela seguinte, em mil toneladas:
Para entender a importância do aço na construção, podemos considerar como uso secundário, sem função estrutural, o aço presente nas fôrmas para o concreto, em escoramentos e em esquadrias. Já em uso primário, agora com função estrutural, temos as estruturas metálicas – cada vez mais utilizadas devido à versatilidade e praticidade na montagem – e as barras que utilizamos no concreto armado.
Nesse sentido, o que preocupa o setor da construção civil é o aumento dos preços, que já tiveram reajuste de aproximadamente +30% no início de 2021 e um acumulado de 72% de junho de 2020 a junho de 2021. A principal causa é o aumento das exportações de minério de ferro para a China e Estados Unidos, que vêm melhorando a produção em larga escala, cuja porcentagem é exportada para o mundo todo a preços atrativos, reduzindo, dessa forma, as exportações realizadas pelo mercado brasileiro. Ainda assim, as vendas para o mercado interno aumentaram cerca de 11,2% e o consumo também aumentou em cerca de 23,9%, se comparados os meses de julho de 2021 e 2020. Estatísticas link.
Esses dados refletem não somente um aumento expressivo do preço dos automóveis e máquinas, mas, em pequena parcela, uma preferência entre projetistas, arquitetos e seus clientes em utilizar as estruturas de aço em substituição às estruturas de madeira, como em coberturas de residências, por exemplo. A ideia pode parecer sustentável em função de o aço ser reciclável, porém se tem grandes emissões de poluentes para a atmosfera, já que são necessários 700 kg de carvão mineral para cada 1 tonelada de aço a ser produzido a partir do minério de ferro. No caso da sucata, tem-se a energia elétrica dispendida e a água para lavagem das peças, o que poderia até ser menos danoso ao meio ambiente, se não estivéssemos em crise hídrica e energética.
Contudo, substituir a madeira pelo aço nas edificações e no canteiro de obras pode ser uma boa opção quando observadas algumas vantagens: as estruturas metálicas podem ser desmontáveis (e por isso utilizadas em edificações temporárias), fáceis de executar e de projetar, além de o aço ser um material uniforme, industrializado – e não como a madeira, que é um material natural e, mesmo selecionada, pode conter não conformidades em seu interior.
Com todas as vantagens mencionadas, pode-se optar pelo aço, entretanto é interessante realizar uma comparação de custo-benefício a longo prazo, dependendo do tipo de obra, da disponibilidade de mão de obra e da finalidade da edificação.
Fontes: Instituto Aço Brasil, G1, CNN
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