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A alta nos preços dos alimentos tem provocado mudanças significativas no comportamento do consumidor brasileiro. Segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (12) pelo instituto Datafolha, 58% dos brasileiros afirmam ter reduzido a quantidade de comida comprada por causa da inflação — número que chega a 67% entre os mais pobres.
Realizado entre os dias 1º e 3 de abril, o levantamento ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
O impacto da inflação vai além do carrinho do supermercado, conforme publicado pelo jornal Folha S. Paulo. O estudo mostra que 8 em cada 10 entrevistados adotaram alguma estratégia para conter gastos, desde cortar refeições fora de casa (61%) até trocar marcas e reduzir o consumo de itens como café (49%).
Governo Lula é apontado como principal responsável
A percepção da população sobre as causas da alta de preços também pesa sobre o cenário político. De acordo com o Datafolha, 54% dos entrevistados atribuem grande responsabilidade ao governo Lula (PT) pela alta dos alimentos. Outros 29% apontam alguma responsabilidade, e apenas 14% isentam o Planalto de culpa.
Entre os próprios eleitores do presidente, 72% reconhecem que o governo tem, em algum grau, responsabilidade pela inflação nos alimentos.
Medidas de contenção ainda não surtem efeito
Embora o governo tenha anunciado ações, como a isenção de impostos de importação sobre alguns produtos, os reflexos dessas medidas ainda não são sentidos pela população. Especialistas ouvidos pelo IBGE apontam que os preços altos refletem uma combinação de fatores, incluindo questões climáticas, problemas nas safras e a pressão do mercado internacional.
Entre os produtos com maiores aumentos nos últimos meses, segundo o IBGE, estão:
- Tomate: +22,55% em março
- Ovo de galinha: +13,13%
- Café moído: +8,14% (com inflação acumulada de 77,78% em 12 meses)
A inflação de alimentos e bebidas, que era de 0,70% em fevereiro, acelerou para 1,17% em março, contribuindo para o índice geral de 0,56% no mês.
Redução de gastos atinge várias áreas
A pesquisa também revela cortes em outros setores da vida cotidiana:
- 50% diminuíram o consumo de água, luz e gás
- 47% buscaram uma nova fonte de renda
- 36% reduziram a compra de medicamentos
- 32% deixaram de pagar dívidas
- 26% atrasaram contas da casa
Percepção negativa da economia cresce
O Datafolha aponta ainda um aumento no pessimismo: 55% dos brasileiros disseram que a economia piorou nos últimos meses, 10 pontos a mais em relação ao fim de 2023. Essa é a primeira vez no atual mandato de Lula que essa fatia supera os 50%.
A avaliação negativa contribui para a baixa aprovação do governo. Segundo a pesquisa, 29% consideram a gestão atual positiva, enquanto 38% a classificam como negativa.
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