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O Paraná caminha para se tornar um estado cada vez mais urbano. Segundo projeção do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), até 2050, 94% da população paranaense estará concentrada em áreas urbanas. Em 1980, esse índice era de apenas 58,6%. A transformação, acelerada ao longo das décadas, traz consigo desafios urgentes para as cidades.
A projeção foi apresentada nesta segunda-feira (2) pelo secretário estadual do Planejamento, Ulisses Maia, e pelo diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado. A pesquisa indica uma tendência de redução da população rural e maior adensamento urbano em todo o estado.
Com base nos Censos Demográficos de 2010 e 2022, o levantamento estima que a população das áreas urbanas passará de 10,6 milhões, em 2025, para 11,6 milhões em 2050 — um crescimento de 986 mil pessoas. No mesmo período, a população rural deve cair de 1,2 milhão para 745 mil habitantes, uma redução de 473 mil pessoas.
Essa mudança no perfil demográfico coloca o Paraná entre os estados com maior urbanização no país, atrás apenas do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal e Goiás. Atualmente, o estado já ocupa a quinta posição nacional no ranking.
Para o secretário Ulisses Maia, o avanço urbano exige um planejamento estratégico robusto. “Nosso foco deve ser o desenvolvimento de infraestrutura, habitação e serviços públicos para garantir a qualidade de vida da população. É por meio desse planejamento proativo que fortalecemos o nosso Estado, assegurando que o desenvolvimento seja inclusivo e sustentável”, afirmou.
A metodologia utilizada pelo Ipardes foi baseada em modelos internacionais e adaptada à realidade brasileira com dados dos censos do IBGE. O estudo detalha a evolução histórica da urbanização no Paraná: 73,4% em 1991, 81,4% em 2000, 85,3% em 2010 e 89% em 2022.
Até 2050, a projeção é de que 147 municípios paranaenses tenham grau de urbanização igual ou superior a 94%. Maringá, Piraquara e Fazenda Rio Grande, por exemplo, devem alcançar 100% de população urbana ainda neste ano, 2025 — juntando-se a cidades como Curitiba e Pinhais, que já atingiram esse patamar.
Segundo o presidente do Ipardes, Jorge Callado, políticas públicas, desenvolvimento socioeconômico e migração são fatores que impulsionam esse cenário. “As projeções por áreas urbanas e rurais, aliadas ao monitoramento de outras variáveis, são ferramentas essenciais para o planejamento do Estado e a oferta de serviços públicos”, destacou.
Se, por um lado, a urbanização avança, por outro, 17 municípios devem registrar aumento da população rural, somando cerca de 16,5 mil pessoas a mais até 2050. A maior parte desse crescimento estará concentrada em Araucária, Balsa Nova e Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba.
Ainda assim, a tendência dominante é de urbanização. De acordo com o Ipardes, o fenômeno é reforçado por um histórico de migração das áreas rurais para os centros urbanos, envelhecimento da população do campo e baixa taxa de fecundidade nas zonas rurais.
O futuro do Paraná é urbano — e, com ele, cresce a necessidade de cidades mais preparadas para acolher, com dignidade, uma população cada vez mais concentrada em seus limites.
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