Tem como evitar o câncer de próstata?

Uma pesquisa realizada com imigrantes mostra o que pode (ou não) influenciar no surgimento do câncer de próstata.

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    O câncer de próstata, o mais prevalente entre homens, levanta uma questão importante: é possível preveni-lo? Um estudo científico realizado com asiáticos que migraram para a América do Norte mostra que o estilo de vida pode impactar no surgimento da doença.

    Dia 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, data que deu origem ao movimento Novembro Azul.

    O estudo avaliou imigrantes japoneses que foram morar nos Estados Unidos. Aqueles que permaneceram no Japão, com hábitos alimentares menos industrializados e rotinas fisicamente ativas, como é o costume da região, tiveram uma incidência significativamente menor de doenças metabólicas (como por exemplo, dislipidemia, diabetes e hipertensão) e prostáticas.

    Já os imigrantes que tiveram câncer de próstata, numa parcela significativamente maior que os que ficaram na terra natal, foram submetidos a sobrecarga de estresse, sobrecarga de radicais livres, alimentação rica em gorduras animais, tabagismo, menos atividade física, entre outros fatores conhecidos como de risco.

    “Embora o fator genético para a doença continue sendo relevante, o ambiente e o estilo de vida desempenham papel fundamental no desenvolvimento de doenças, incluindo o câncer”, explicou o Dr. Victor Hugo Belinati Neto, urologista do Eco Medical Center, citando que a genética está em apenas 10% a 12% dos casos de câncer de próstata. Homens com histórico familiar da doença, especialmente parentes próximos como pai ou irmão, apresentam um risco elevado, o que torna essencial o acompanhamento médico anual a partir dos 45 anos.

    “Não podemos alterar a genética, mas o estilo de vida sim, em qualquer idade. Essas mudanças não só ajudam a prevenir o câncer, mas também melhoram a qualidade de vida geral. É preciso levar uma vida mais regrada, com qualidade alimentar e do sono, prática de atividades físicas, sem tabagismo e etilismo, o que pode reduzir o impacto da doença”, orienta o urologista.

    “Pico” de diagnósticos

    O câncer de próstata, explica Dr Victor Hugo, tem efeito cumulativo ao longo da vida e 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Quanto mais idade, maior a chance de ter a doença. No entanto, no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), há um pico de diagnósticos entre os 55 e 65 anos de idade. E estas informações, quando analisadas em conjunto, revelam algumas possibilidades.

    O aumento na quantidade de diagnósticos nessa faixa etária, entende o urologista, pode estar relacionada a uma idade em que os homens buscam mais o cardiologista, o endocrinologista e outros especialistas para checar os problemas de saúde que começam a surgir de forma mais evidente. E são nos exames e check-ups prescritos por esses médicos que o câncer de próstata muitas vezes acaba sendo detectado. E isso obriga a ida do homem ao urologista. Não que o exemplo seja generalizado, mas é muito comum. Depois dessa idade, muitos homens passam a ir menos às consultas de rotina e descuidam da saúde.

    Alguns tumores podem crescer muito rápido, gerando metástases em outros órgãos e levando à morte. A maioria, porém, cresce bem lentamente (levam cerca de 15 anos para atingir 1 cm³). Por isso, não dão sinais durante a vida e nem ameaçam a saúde masculina.

    Diagnóstico precoce

    Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata representa 30% de todos os diagnósticos de câncer entre homens no Brasil, com um número preocupante de aproximadamente 16.300 óbitos anuais (dados de 2021).

    A doença nem sempre traz sintomas iniciais, ela começa silenciosa. Há uma tendencia de individualizamos o monitoramento de acordo com as particularidades de cada um, por isso o homem inicia este rastreio entorno dos 45 anos.

    O diagnóstico precoce é fundamental, pois quando detectado em estágio inicial, o câncer de próstata possui maiores chances de tratamento efetivo. Até 95% dos tumores são detectados em fase avançada, dificultando a cura. Nessa fase, os sintomas podem ser dor óssea, dor ao urinar, vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina e/ou no sêmen.

    “Infelizmente, muitos homens ainda resistem a consultas e exames de rotina, o que leva a diagnósticos tardios e tratamentos mais complexos”, lamenta o urologista.

    Dentre os métodos de diagnóstico, o exame de toque retal ainda é um dos mais eficazes, mas não é necessariamente usado em todos os casos. O diagnóstico depende da avaliação individual de cada paciente. O exame de PSA, por exemplo, pode ser uma alternativa inicial que auxilia na identificação de anormalidades prostáticas, embora alterações nos resultados de PSA não signifiquem, necessariamente, câncer.

    “Nossa missão é oferecer um acompanhamento completo e personalizado para cada paciente. A prevenção e o cuidado regular são o melhor caminho para a saúde masculina em todas as idades” finaliza o médico.

    Este Novembro Azul, fica o alerta: a saúde masculina começa pelo autocuidado e pela prevenção.

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