Abono e pagamento nas férias são as principais dúvidas trabalhistas para 41% dos brasileiros

Estudo ainda revela: 46% dos respondentes apontam que não recebem apoio integral de seus contratantes para o recesso obrigatório.

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    As férias representam um dos momentos mais aguardados pelos trabalhadores, direito que, no Brasil, se adquire após um ano de trabalho formal sob o regime CLT. Esse período de descanso é essencial para recarregar as energias; é tão importante quanto o trabalho em si, pois auxilia na saúde mental, aliviando o estresse e o cansaço físico e emocional. Apesar disso, alguns obstáculos profissionais fazem com que esse período não seja tão tranquilo quanto o esperado.

    Para entender melhor essas dificuldades, a plataforma de currículos online Onlinecurriculo realizou uma pesquisa com 500 brasileiros de todas as regiões do país, investigando quais são suas principais dúvidas e desafios. Dessa forma, o estudo aponta que quando o assunto são as Leis Trabalhistas, restam algumas incertezas.

    De acordo com 41% dos brasileiros, a principal dúvida sobre férias em relação às leis que regem o vínculo empregatício está no pagamento e nos benefícios financeiros. O que é abono de férias, quando receber o adiantamento e qual o valor que será enviado podem estar na lista de perguntas dos colaboradores. Inclusive, a venda de férias é um dos tópicos que ainda não estão totalmente explicados, segundo os brasileiros.

    É possível vender uma parte das férias e quantos dias de férias posso vender? Prováveis dúvidas que afetam a organização de recursos para o descanso remunerado, de acordo com 36% dos participantes. Por sua vez, 25% têm dificuldades no entendimento sobre a escolha e duração do período de férias. Conforme a legislação trabalhista, a definição da data está incumbida a própria empresa e deve ser avisada previamente, com 30 dias de antecedência ao funcionário.

    Trabalhar durante o período de repouso também é uma questão, para 23% dos brasileiros. É possível que o trabalhador goze de férias de uma empresa enquanto trabalhe para outra, se mantiver regularmente mais de um emprego – caso não, o colaborador pode sofrer punições. No ranking, outros tópicos levatam dúvidas, como: saúde e bem-estar durante as férias (16%), cancelamento ou adiamento (14%) e demissão (12%).

    “As incertezas que acompanham o período de repouso do trabalhador não só atrapalham a organização de recursos do funcionário, como também geram certo estresse, comprometendo o descanso adequado. É importante que a comunicação entre empregador e empregado seja clara e efetiva, para que ruídos não se tornem recorrentes”, conclui Augustine, especialista em carreiras na Onlinecurriculo.

    Aquela conversa

    A conversa sobre férias com os superiores é inevitável, e é nesse momento que muitos brasileiros percebem o nível de apoio que terão para aproveitar o período de descanso. Embora 53% dos trabalhadores indiquem incentivo e apoio das empresas para a retirada de férias, 46% afirmam que esse apoio é parcial ou inexistente. Os respondentes relatam que enfrentam pressão para permanecer disponíveis, inflexibilidade na escolha das datas ou até desincentivo ao uso integral das férias; o que reflete uma baixa adesão ao descanso dos trabalhadores — um período cada vez mais valorizado para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

    O que estressa os profissionais nessa época?

    Para 42% dos entrevistados, a principal dificuldade é retomar o ritmo de trabalho após as férias. Diante disso, o incentivo à reintegração gradual se mostra fundamental para que produtividade e concentração sejam restabelecidas de forma natural. Outro ponto de estresse é o planejamento do período de férias junto aos superiores: para 32% dos brasileiros, negociar com chefes e colegas sobre data e duração do descanso é a segunda maior dificuldade.

    Além das complicações com o início e o fim do período de férias, o afastamento das responsabilidades profissionais também traz outra preocupação. Segundo 27% dos participantes, a sensação de que o trabalho se acumula enquanto estão fora representa uma dificuldade adicional. Um sentimento que pode estar atrelado ao medo de se desligar e se conectar a outras atividades, se não o trabalho. Outras respostas que vão na mesma direção da preocupação com compromissos profissionais contabilizam 26% dos resultados, como: estar alheio a comunicações e mudanças e interromper projetos no meio do caminho e impactar metas ou prazos.

    Para a especialista em carreiras da Onlinecurrículo, Amanda Augustine, as dificuldades profissionais durante as férias podem refletir a mentalidade do empregador e de questões internas do próprio colaborador.“Essas complicações podem estar ligadas, principalmente, à cultura da empresa, que deve se atentar a equilibrar produtividade e bem-estar. Quando as diretrizes empresariais não priorizam o descanso adequado e a saúde mental, os funcionários podem sentir-se pressionados a manter um nível de engajamento excessivo”, afirma.

    “Outro fator é o componente interno, no qual o próprio colaborador pode ter dificuldades em se desconectar por completo – deve ser abordado com maior apoio da empresa. Estratégias de incentivo à desconexão total são fundamentais para que o trabalhador possa realmente aproveitar seu tempo de descanso e retornar revigorado”, completa. 

    Metodologia

    Entre os dias 18 e 23 de outubro de 2024, a Onlinecurriculo ouviu 500 pessoas de diversos segmentos produtivos, faixas etárias, classes sociais e regiões do país. Mulheres e homens foram entrevistados individualmente, respondendo às perguntas por meio de questionário estruturado em formato online.

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