“Suicídio planetário”: cientista destaca gravidade da crise climática na COP29

Em Baku, Nobre alerta que as metas atuais não bastam para evitar aumento de 2,5°C até 2050.

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    O climatologista brasileiro Carlos Nobre, considerado uma referência internacional em mudanças climáticas, criticou as propostas apresentadas pelos países na 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada em Baku, Azerbaijão. Nobre destacou que as metas acordadas até agora não são suficientes para conter o avanço das emissões globais de gases de efeito estufa.

    Segundo o especialista, os signatários do Acordo de Paris têm falhado em reduzir as emissões em 43%, como previsto até a COP28, meta que ele considera insuficiente para manter o aumento da temperatura global dentro de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

    “Estamos há 16 meses com a temperatura acima de 1,5 grau, e há grande risco de que ela não diminua mais. Se ficarmos três anos nessa faixa, a temperatura não terá como baixar”, alertou Nobre.

    Nobre reforçou que, mesmo alcançando a meta de 43% de redução até 2030 e zerando as emissões líquidas até 2050, o planeta ainda poderia atingir um aumento de 2,5°C. Ele destacou a persistência no uso de combustíveis fósseis como um grande entrave e ressaltou que, apesar da urgência, poucos países estão atualizando suas metas climáticas. O Brasil, que sediará a COP30 em 2025, é uma das poucas nações que ajustaram sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), propondo uma nova meta de emissões para os próximos anos.

    Para o climatologista, é essencial que os países avancem em medidas de adaptação, principalmente para proteger as nações mais vulneráveis.

    “Eventos extremos estão cada vez mais frequentes e intensos, afetando países desenvolvidos e subdesenvolvidos”, afirmou, citando furacões e enchentes recentes como exemplos dos danos causados pelas mudanças climáticas.

    Além de ações governamentais e investimentos, Nobre lembrou que consumidores também podem contribuir para a sustentabilidade ao optar por produtos e tecnologias de baixo impacto ambiental. No Brasil, 75% das emissões vêm do desmatamento na Amazônia e no Cerrado, enquanto a agropecuária representa 25%. Alternativas como carne de pecuária sustentável e energia solar são cada vez mais acessíveis.

    “Devemos assumir a liderança no consumo consciente, pois isso faz sentido econômico e ambiental”, concluiu o climatologista.

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