Exercícios semanais podem ajudar a evitar demência, aponta estudo

Segundo a pesquisa, a prática de exercícios pode aumentar moléculas que auxiliam no crescimento e na manutenção dos neurônios.

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    Praticar atividade física uma ou duas vezes por semana pode ser suficiente para reduzir o risco de demência, de acordo com um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine. Liderada por pesquisadores chilenos, a pesquisa revela que até os chamados “atletas de fim de semana” podem se beneficiar de exercícios na prevenção do declínio cognitivo.

    O declínio cognitivo é caracterizado pela perda de habilidades necessárias para atividades cotidianas, um estágio que pode preceder a demência. O estudo aponta que a prática de exercícios pode aumentar moléculas que auxiliam no crescimento e na manutenção dos neurônios, além de promover a plasticidade cerebral e melhorar a memória e as funções executivas.

    “Mesmo pessoas que têm uma agenda cheia podem garantir benefícios cognitivos significativos ao participar de apenas uma ou duas sessões de atividade física por semana”, destacam os autores do estudo.

    Estudo com mais de 10 mil participantes

    A pesquisa analisou dados de cerca de 10 mil pessoas, com média de idade de 51 anos, que participaram do Estudo Prospectivo da Cidade do México. O acompanhamento dos participantes foi dividido em duas fases. Na primeira, entre 1998 e 2004, os voluntários responderam sobre a prática de exercícios e a frequência semanal, sendo então classificados em quatro grupos:

    • Sedentários, que não praticavam atividades físicas (7.945 pessoas);
    • Atletas de final de semana, que se exercitavam uma ou duas vezes por semana (726 pessoas);
    • Regularmente ativos, com três ou mais sessões de exercício por semana (1.362 pessoas);
    • Grupo combinado, incluindo tanto atletas de fim de semana quanto regularmente ativos (2.088 pessoas).

    Na segunda fase, os pesquisadores avaliaram a saúde mental dos participantes através de questionários de função cognitiva. Considerou-se comprometimento cognitivo leve uma pontuação igual ou inferior a 22 no teste de avaliação, o que indica dificuldades de memória e raciocínio, e pode ser um indício precoce de demência.

    Resultados e impacto na prevenção da demência

    Após 16 anos de acompanhamento, foram identificados 2,4 mil casos de comprometimento cognitivo leve entre os participantes. Os resultados mostram que os “atletas de fim de semana” apresentaram uma redução de 15% no risco de declínio cognitivo, enquanto aqueles que se exercitavam regularmente tiveram uma queda de 10% nesse risco. Os pesquisadores estimam que 13% dos casos de declínio cognitivo poderiam ser evitados se todos os adultos de meia-idade se exercitassem pelo menos uma vez por semana.

    Limitações e observações

    Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores alertam para as limitações do estudo, que é de natureza observacional e, portanto, não estabelece uma relação causal. Além disso, a pesquisa baseia-se em dados fornecidos pelos próprios voluntários, o que pode introduzir variáveis.

    Os cientistas esperam que, mesmo com as limitações, as descobertas inspirem mais pessoas a adotarem a prática de atividades físicas, reforçando o papel do exercício físico na saúde cognitiva, especialmente para aqueles com uma rotina ocupada.

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