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De 190 empreendedoras inscritas no Paraná, as doze finalistas estaduais do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios (PSMN) participaram na noite desta quarta-feira (9), da cerimônia de premiação, realizada no auditório da sede do Sebrae/PR, em Curitiba.
Além da diretoria executiva do Sebrae/PR, Vitor Tioqueta, José Gava Neto e César Rissete, o evento contou com a presença de lideranças femininas como a deputada Leandre Dal Ponte, secretária da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do Paraná; Tatiana Turra, presidente do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba; Eloísa Helena Orlandi Oliveira, presidente do Sindicato das Indústrias de Cacau e Balas, Massas Alimentícias e Biscoitos de Doces e Conservas Alimentícias do Estado do Paraná; Luciana Burko Maciel, presidente da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios da Fecomércio PR; Heloisa Garrett, presidente do Lide Paraná; Monica Berlitz, fundadora do Clube da Alice; as gerentes do Sebrae/PR, Vânia Paula Cruz, Fabíola Negrão, Larissa Botion e Daniele Insaurralde, e a Janaína Dib, gestora estadual do Sebrae Delas.
Produtora Rural
Fabiana Castelari Leme, de Marialva, no Noroeste Paraná, conquistou o primeiro lugar na categoria Produtora Rural, depois de ter faturado o terceiro lugar na edição de 2022. A vencedora deste ano é produtora de uva no município conhecido pela cultura da fruta e vem inovando nos últimos anos.
“Esse troféu é da nossa família, só tenho a agradecer. Ganhei o terceiro lugar há dois anos e insisti até sair vencedora. Agora quero levar na categoria nacional! Começamos com escolas e grupos de terceira idade e fomos expandindo. Deu tão certo oferecer experiência para o cliente que hoje é preciso ligar com antecedência antes de vir”, conta. Por ano, são recebidas cerca de 3,5 mil pessoas no empreendimento.
À frente do negócio familiar desde 2015, a Chácara Castelari, Fabiana oferecia uma opção de turismo rural no modelo colha e pague, integrando o Caminhos da Uva. Mas para possibilitar que as vendas fossem feitas totalmente apenas para consumidores finais, em 2023 ela criou a solução Open de Uva, em que os clientes podem colher e consumir no local, como se tivessem uma parreira no quintal de casa.
Na trajetória, a perpetuação de um legado da família, iniciado em 1992, uma gravidez de risco e uma pandemia. “Acredito que as palavras têm força. Me inscrevi novamente falando que o primeiro lugar viria. Estava segura de que o resultado seria este”, diz.
Microempreendedora individual
Já a categoria de Microempreendedora individual (MEI) foi conquistada por Aline Lopes Batista de Faria, de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, do ateliê Aline Attrativa, especializada em enxovais personalizados, para a maternidade e outros públicos. No ano passado, ela ficou em terceiro lugar na premiação.
“Queria agradecer a oportunidade de viver do trabalho das minhas mãos, à minha família e ao Clube da Alice, iniciativa que mudou minha vida. Também à Flavia, minha consultora do Sebrae, que me incentivou a me inscrever no prêmio. No ano passado, fiquei em terceiro lugar e busquei me superar para chegar até aqui hoje”, celebrou.
A produção do ateliê é feita sob demanda, com máquinas de costura e bordado: o cliente entra em contato e escolhe suas peças. “Já atendemos mais de 3 mil mães que sonham em ter enxovais perfeitos, é nosso público principal. Em janeiro deste ano, iniciei a jornada de professora, com aulas on-line para artesãs que querem empreender com seu produto artesanal. Tenho também um clube de compras, onde vendo os materiais que elas podem utilizar na produção. Não tenho sócios, todo o trabalho relacionado ao ateliê é feito por mim”, relata.
A jornada empreendedora de Aline iniciou em 2014, quando precisou sair de um emprego CLT para conciliar o trabalho com os cuidados da primeira filha.
“A primeira empresa que abri foi para vender roupas evangélicas, mas não tive êxito. Como já fazia artesanato desde os nove anos, iniciei a produção de itens em crochê. Foi quando minha mãe me apresentou às feiras de artesanato. Ao mesmo tempo, estudei táticas e técnicas para destacar meu produto, criando objetos em feltro, que ainda não eram comuns. Após 8 anos trabalhando com este produto, tive um problema na mão que me impossibilitava de prosseguir. Fui atrás de novas técnicas e conheci o bordado eletrônico. Depois de dois anos de estudo, me tornei especialista”, relata.
Pequenos Negócios
Bruna Steckling, empresária à frente da Let’s Go Iguassu, conquistou a primeira colocação na categoria Pequenos Negócios. Empreendedora desde 2016, há cinco anos ela assumiu a gestão da empresa em Foz do Iguaçu, trazendo ao mercado um novo conceito de turismo que une três pilares: história, cultura e natureza.
“Os desafios que tenho, abrindo as portas do turismo para as mulheres, sei que compartilho com muitas delas, em busca do nosso espaço. Agradeço ao Sebrae pelas oportunidades oferecidas e por esse reconhecimento tão especial”, celebrou Bruna.
A empresa oferece passeios de cicloturismo, turismo histórico-cultural e observação de vida selvagem, atendendo, em grande parte, turistas internacionais que buscam atividades fora do convencional para explorar a região de Foz do Iguaçu.
Para Bruna, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios representa uma oportunidade de evidenciar o protagonismo feminino no turismo da tríplice fronteira. “O prêmio é uma excelente forma de divulgar o nosso trabalho e destacar o protagonismo feminino na criação de experiências turísticas marcantes. Ganhar é o reconhecimento de todo o esforço e dedicação ao negócio, além de ser uma ótima maneira de divulgar os diferenciais da empresa e trazer motivação para seguir no caminho do empreendedorismo”, celebrou.
Ciência e Tecnologia
O empreendedorismo sempre esteve presente na trajetória de Heloize Pismel Bassetti, empresária de Maringá, no Noroeste do Paraná. Ainda no Ensino Médio, aproveitando seus conhecimentos, começou a oferecer aulas de monitoria para colegas, com o objetivo de complementar sua renda.
“Ser uma psicóloga e fazer negócios é um desafio duplo. Vencer o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios é uma conquista muito gratificante. Reafirma meu valor como empreendedora e a importância de acreditar no meu potencial”, conclui.
Durante a faculdade de Psicologia, o desejo de independência financeira a motivou a buscar outras oportunidades de remuneração. Foi monitora e estagiária na clínica do Detran-PR. Após se formar, passou em um concurso público na Prefeitura de Maringá, onde ficou por cinco anos. No entanto, não se sentindo completamente realizada, decidiu sublocar espaços de sua clínica de psicologia para outros profissionais, criando um modelo de agendas compartilhadas.
“Essa estratégia gerava receita para a clínica e oferecia uma oportunidade para colegas que não tinham um espaço próprio”, comenta Heloize.
Apesar disso, ela percebeu que o modelo era pouco escalável, pois dependia de uma estrutura física. Com isso em mente, Heloize voltou seus olhos para o mundo dos investimentos. Autodidata no assunto, começou a ministrar cursos presenciais voltados para o público feminino, totalizando quatro turmas antes da pandemia. Com as restrições, ela adaptou o formato dos cursos para o digital, focando em educação financeira e investimentos para mulheres. “Foi nesse período que decidi deixar meu cargo na Prefeitura”, relembra.
Em 2020, Heloize conheceu seu atual marido, que já havia desenvolvido uma plataforma digital voltada para estágios, mas que estava inativa. “A ideia do negócio alinhava-se perfeitamente com minhas habilidades em psicologia e desenvolvimento de pessoas”, explica. Ao assumir a parte comercial e operacional da empresa, contribuiu para o crescimento do negócio, que já está em operação há três anos, com estagiários e colaboradores atuando na plataforma.
PSMN
Desde 2004, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios reconhece o trabalho e a dedicação de mulheres empreendedoras que contribuem para o desenvolvimento do País. A iniciativa valoriza empreendedoras com capacidade de inovação, visão de futuro, estratégia e gestão empresarial que, com seus negócios, geram impacto social e econômico na região em que estão inseridas. Em 20 anos, mais de 200 mulheres já receberam o PSMN, dentre mais de 100 mil inscritas.
Composto por etapas estaduais, regionais e nacional, o PSMN é voltado a mulheres que se encaixem nas categorias “Pequeno Negócio”, “Microempreendedora Individual (MEI)”, “Produtora Rural”, “Ciência e Tecnologia” (proprietárias de empresas de base tecnológica) e “Negócios Internacionais”. Nesta última categoria, não houve inscritas no Paraná.
Vitor Tioqueta enfatizou o papel da liderança feminina nos pequenos negócios no Paraná.
“Mulheres escrevendo suas histórias. Esse é o grande objetivo do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. Hoje temos 713 mil empresas formais, no Paraná, lideradas por mulheres. Portanto, é representativo o empreendedorismo feminino em nosso estado e essa iniciativa busca reconhecer empreendimentos que se destacam em meio a um cenário representativo, com seus deságios e conquistas”, afirmou.
A secretária de Estado, Leandre Dal Ponte, destacou o papel da pasta estadual na redução de desigualdade de condições entre mulheres e homens.
“É importante ter instituições parceiras que fomentam o protagonismo das mulheres paranaenses. Mesmo com legislação que garante direitos iguais para as mulheres, sabemos que na prática isso não acontece e que os desafios são muitos. Atendemos mais de 6 milhões de mulheres em nossa secretaria, 2 milhões de paranaenses com mais de 60 anos, além de milhares de pessoas de populações originárias, negros e pardos em nosso Estado. Nosso papel é combater a violência, o preconceito e a discriminação com as mulheres, promovendo políticas que fomentem a equidade dos gêneros”, enfatizou.
Foram milhares de inscritas no PSMN no Brasil. O prêmio é composto por etapas estaduais, regionais e nacional. Na primeira delas, são escolhidas até cinco candidatas por estado e no Distrito Federal (uma de cada categoria). As vencedoras seguem para a fase regional, de caráter eliminatório, quando as mais bem avaliadas serão escolhidas por região (Sul, Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste). Cada região terá uma candidatura por categoria indicada para disputar a fase nacional, totalizando até 25 mulheres na grande final.
Confira o resultado por categoria:
Ciência e Tecnologia
1º Heloize Pismel Bassetti – Maringá
2º Josiane Gonçalves Daga – Toledo
3º Odete Barros – Toledo
Microempreendedora Individual (MEI)
1º Aline Lopes Batista de Faria – Araucária
2º Geizlane Tavares dos Santos – Maringá
3º Simone Cristina Ferreira da Costa – Curitiba
Pequeno Negócio
1º Bruna Steckling – Foz do Iguaçu
2º Edilaine Maria de Castro – Campo Mourão
3º Aline Kalinoski – Curitiba
Produtora Rural
1º Fabiana Castelari Leme – Marialva
2º Cacilda Zafaneli – Cafezal do Sul
3º Mari Isiri – Barbosa Ferraz
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