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Representantes de governos e dos setores energéticos de vários países destacaram, na manhã desta terça-feira (1º), em Foz do Iguaçu (PR), a importância da cooperação internacional para a promoção da transição energética global, com a substituição de combustíveis fósseis por renováveis para o enfrentamento da emergência climática.
O tema deu o tom das falas das autoridades que participaram da cerimônia de abertura da 15ª edição da Clean Energy Ministerial (CEM) e da 9ª Mission Innovation – CEM15/MI9. Ambos os eventos ocorrem de forma conjunta no Hotel Mabu durante esta semana, em paralelo à programação da Reunião Ministerial do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, no Hotel Bourbon. A realização dos eventos em Foz é coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), com apoio da Itaipu Binacional.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, abordou a trajetória de 50 anos da Itaipu, que possibilitou à Binacional assumir um papel de liderança na transição, não apenas como a usina que mais gerou energia limpa e renovável na história, mas também pela promoção de outras renováveis, como biogás, solar e hidrogênio, e de inúmeros projetos socioambientais em 435 municípios do Paraná e do Mato Grosso do Sul.
“A água é a nossa matéria-prima e, portanto, não há como separar a produção de energia da inovação tecnológica, da defesa do meio ambiente”, garantiu Enio Verri. “Teremos muito a mostrar ao mundo e há uma grande expectativa em relação ao que vai ser levado daqui para o encontro (de Cúpula do G20) no Rio de Janeiro, em novembro. Esperamos que daqui saia o que há de mais avançado na transição energética, respeitando a realidade de cada país.”
Para Mariana Espécie, coordenadora do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 e assessora especial do MME, a realização desses encontros no Brasil reforça o compromisso do Governo Federal com uma transição justa e inclusiva, opinião compartilhada pelo secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores (MRE), André Corrêa do Lago. O País tem ampla participação de renováveis em sua matriz, mas nem por isso deixa de investir para descarbonizar ainda mais a produção de eletricidade e o setor de transportes, o que lhe garante um papel de destaque no cenário global da transição energética.
“O tema dos combustíveis sustentáveis é uma prioridade para o Brasil”, afirmou Mariana. “A nossa proposta ao trazer esse tema para a discussão com os outros países é basicamente começar a pensar no que a gente tem chamado de segunda onda da transição energética. Como é que a gente faz para pensar em novos combustíveis que vão ser necessários para a transição energética alcançar também setores de difícil abatimento de emissões, principalmente transporte e indústria”, completou.
Rosalinde van der Vlies, diretora-geral de Pesquisa e Inovação da Comissão Europeia, apontou a presença de Itaipu como fonte de inspiração para a cooperação. “Que simbólico estar onde se pode ver a força da colaboração desses dois países para acelerar a transição energética. E é por isso que estamos aqui, para colaborar para um futuro mais limpo”, disse Rosalinde, que aproveitou a oportunidade para anunciar que a Mission Innovation está lançando uma nova iniciativa, denominada Inclusion Catalyst, que reforça o aspecto social da transição.
Ambos os chefes do secretariado da CEM e da MI, Jean-François Gagné e Eleanor Webster, enfatizaram o momento decisivo para a tomada de ação conjunta, para a implementação das soluções energéticas que vão moldar o mundo de amanhã. “Estamos aqui para catalisar investimentos, acelerar a pesquisa e aumentar a escala dos projetos, para que a energia limpa se torne atraente e acessível para todas as pessoas, e para que o Net Zero não seja apenas desejado, mas atingível até 2050”, disse Eleanor.
A transição energética é a maior oportunidade para a criação de valor no mundo atual, na visão de Albert Cheung, vice-presidente e chefe de Análise da Transição Global da BloombergNEF. Ele fez uma apresentação otimista, destacando que a janela para atingir Net Zero em 2050 está se fechando, mas “ainda há tempo”. Ele apontou uma série de dados positivos entre os países-membros do CEM (são 29, entre algumas das principais economias do mundo), tais como a participação de 20% de elétricos nas vendas de veículos novos e a predominância de renováveis na capacidade de geração que vem sendo adicionada nos últimos anos, com destaque para 2023, quando 72% da nova potência instalada vieram de fonte solar e 20% de hidro.
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