Brasil registra queda de 4,6% no número de doações de órgãos

Altas taxas de recusa familiar na doação de órgãos ainda são um grande desafio no país. Mais de 600 crianças e adolescentes esperam na fila por um sim.

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    Você sabia que, anualmente, cerca de três mil brasileiros perdem a vida enquanto aguardam por um transplante? É o que revela um relatório divulgado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

    Apesar de o Brasil ser um dos líderes mundiais no procedimento, as altas taxas de recusa familiar na doação continuam sendo o principal desafio. De acordo com a ABTO, somente no primeiro semestre de 2024 houve uma queda de 4,6% no número de doações de órgãos em relação ao mesmo período de 2023.

    Por isso, neste Dia Nacional de Doação de Órgãos, lembrado em 27 de setembro, o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, reforça a importância da manifestação, ainda em vida, do desejo de ser um doador aos familiares de primeiro ou segundo grau (pais, filhos, irmãos, avós e cônjuges).

    “Sabemos que a perda de um ente querido é um momento delicado e muito difícil, mas caso tenha algum familiar que possa doar os órgãos, é importante dizer sim. Esse ato de amor pode salvar pelo menos seis vidas”, explica o cardiologista pediátrico Bruno Hideo, do Pequeno Príncipe.

    Uma das vidas salvas pelo sim de uma família é a da pequena Eloa Terres, de 10 anos, que durante oito meses esperou na fila por um coração compatível. A mãe recebeu o diagnóstico da filha ainda durante a gravidez: cardiopatia congênita.

    “Descobrimos a doença dela durante um ultrassom gestacional de rotina. Desde que nasceu, ela sempre teve a coloração da pele mais roxa, pois saturava muito baixo. E, mesmo com todos os cuidados e tratamentos, ela sentia muito cansaço e ficava ofegante até para fazer coisas simples do dia a dia, como andar, subir escadas e tomar banho”, conta Loislaine Terres.

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    Foto: Marieli Prestes/Hospital Pequeno Príncipe

    Durante toda a infância, Eloa passou por procedimentos como cateterismos e diversos internamentos, até que veio a notícia de que precisaria de um transplante cardíaco. A família, que aguardou com ansiedade durante alguns meses a ligação da equipe médica do Pequeno Príncipe, que avisaria quando um coração compatível surgisse, hoje agradece o gesto de amor que mudou a vida da menina de 10 anos.

    “Só temos a agradecer a família que disse sim para a doação de órgãos. Lembro como se fosse hoje quando nos falaram que o transplante dela tinha sido um sucesso. Ver minha filha bem é um sentimento que não tem explicação”, finaliza a mãe.

    Hoje, Eloa faz parte das estatísticas de sucesso em transplante de órgãos no Brasil. Mas outras 44.608 pessoas, segundo o Sistema Nacional de Transplantes, ainda esperam pela mesma oportunidade. Dessas, mais de 600 são crianças e adolescentes.

    Referência

    O Pequeno Príncipe realiza transplantes de rim, fígado, coração, válvulas cardíacas, tecidos e medula óssea. Em 2024, o Serviço de Transplante Renal completa 35 anos, e o de transplante cardíaco, 20 anos. A atuação do Hospital nos transplantes tem importante impacto no cenário regional e nacional, com excelentes resultados de sobrevida para os pacientes.

    A estrutura de UTIs, com 76 leitos, o Centro Cirúrgico, com nove salas, a disponibilidade de profissionais de 47 especialidades e áreas da pediatria com equipes altamente especializadas oferecem uma importante retaguarda, dando suporte a esses procedimentos. Somente em 2023, foram realizados 307 transplantes, e em 2024, até agosto, foram 199.

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