Hospital valida método mundial inédito para monitorar o risco de hipertensão intracraniana na pediatria

A tecnologia auxilia no tratamento e detecção de hipertensão intracraniana secundária a inúmeras causas, desde traumas até tumores cerebrais.

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    O resultado de uma pesquisa clínica inédita realizada pelo Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, foi publicado na Scientific Reports – do Grupo Nature –, que é uma das mais relevantes revistas científicas de acesso aberto do mundo.

    O estudo pioneiro validou a utilização pediátrica da solução brain4care, primeiro dispositivo mundial que permite avaliar o estado das funções cerebrais e a monitorização do risco de hipertensão intracraniana de forma não invasiva. 

    A tecnologia, que auxilia no tratamento e detecção de hipertensão intracraniana secundária a inúmeras causas, desde traumas até tumores cerebrais, é considerada um avanço na área da saúde, pois proporciona a identificação ou confirmação de alterações da complacência cerebral com ainda mais qualidade e segurança. Antes, só era possível realizar esse controle por meio de uma cirurgia invasiva com inserção de um cateter no meio intracraniano. 

    Sobre a pesquisa

    O estudo realizado foi o observacional transversal. É um tipo de pesquisa epidemiológica que analisa uma população num determinado momento no tempo, recolhendo dados de forma simultânea. 

    A complacência intracraniana – capacidade natural do cérebro de estabilizar a pressão evitando o seu aumento – foi analisada utilizando o brain4care em 55 crianças neurologicamente saudáveis. Os pacientes participantes tinham idade entre 2 a 17 anos e 11 meses e foram recrutados exclusivamente no Hospital Pequeno Príncipe. 

    Realizado entre fevereiro de 2021 e agosto de 2022, o estudo comprovou a facilidade do uso do dispositivo, o conforto e boa aceitação do seu uso, assim como foi possível determinar uma faixa de normalidade de valores da mensuração da complacência intracraniana nos pacientes pediátricos.

    “Os dados obtidos ajudam a determinar os valores de normalidade com o sensor brain4care. Isso nos auxilia na detecção de alterações agudas nas lesões intracranianas com aumento da pressão, o que – se não controlado –, pode levar a quadros de piora neurológica e, eventualmente, até a morte”, explica um dos investigadores na pesquisa, chefe do Serviço de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, neurocirurgião Adriano Keijiro Maeda. 

    A solução brain4care

    Criado pelo cientista Sérgio Mascarenhas – que faleceu em 2021 – o dispositivo que ganhou o nome de brain4care e que se tornou uma deeptech, realiza a monitorização não invasiva do risco de hipertensão intracraniana, o que permite que a equipe médica avalie e acompanhe a evolução do risco de danos neurológicos nos pacientes em clínicas e hospitais, auxiliando na triagem de casos, no diagnóstico rápido e assertivo das patologias associadas e na definição de condutas.

    A solução é inovadora, indolor e não requer medicação, preparação ou contrastes e isso permite que o intervalo de tempo de resultado também seja reduzido. O acompanhamento por meio do dispositivo qualifica o suporte à tomada de decisão.

    Com o envolvimento dos profissionais de saúde e este estudo científico, o Pequeno Príncipe avança no conhecimento a partir da validação do uso desse equipamento em pacientes pediátricos, qualificando o suporte à tomada de decisão clínica, adotando protocolos específicos nos serviços do Hospital e expandindo às demais instituições e serviços de saúde.

    “Este estudo é completamente inédito na literatura. A partir dele inicia uma nova era de monitoramento da pressão intracraniana na população pediátrica, proporcionando melhores resultados, rapidez nas tomadas de decisões utilizando um método 100% não invasivo”, ressalta a neuropediatra Simone Carreiro Vieira Karuta, autora do artigo e uma das médicas investigadoras.

    O vice-diretor de Qualidade e Pesquisa Clínica do Hospital Pequeno Príncipe, Fábio Motta, também destaca a importância da publicação para a saúde da criança e do adolescente. “Estamos criando uma referência inédita no mundo, algo que ainda não tinha sido validado por pares. O monitoramento não invasivo do risco de hipertensão intracraniana pode vir a estabelecer um novo sinal vital na assistência”, afirma. “Para a nossa instituição, comprometida com a tecnologia e inovação, isso representa um ganho significativo, pois da mesma forma que fizemos com o Tytocare, conseguimos validar em pacientes pediátricos uma importante tecnologia que terá um potencial de impactar 1 bilhão de pessoas nos próximos 10 anos, de acordo com a Singularity University”, Motta.

    Inovação no Pequeno Príncipe

    O Pequeno Príncipe acredita que a inovação é uma oportunidade de facilitar a vida e o cuidado das pessoas. A exemplo do TytoCare – pequeno aparelho portátil trazido ao Brasil de forma inédita pelo Pequeno Príncipe em que o médico consegue verificar sinais do paciente a distância e que teve sua validação em 2023 – o brain4care é uma das tecnologias que demonstra a capacidade de inovação do Complexo e mantém a instituição alinhada com as melhores práticas nessa área. O Instituto de Pesquisa e a Faculdades também são beneficiados de forma integrada com o Hospital, na utilização desses dispositivos.

    “O resultado de mais este estudo representa a presença do Pequeno Príncipe na pesquisa e na inovação, além de demonstrar a importância da busca dos diagnósticos de precisão por metodologias não invasivas”, afirma o diretor-técnico do Hospital, Donizetti Dimer Giamberardino Filho. “Somos uma instituição de alta complexidade e contar com tecnologias que favoreçam as melhores práticas para o diagnóstico e tratamento é imprescindível para mantermos a excelência na assistência aos nossos pacientes”, finaliza o diretor.

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