Foto: Arquivo/ Tribuna do Paraná
Gravações divulgadas pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) expõem negociações de propina envolvendo o deputado estadual Ademar Traiano, presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), datadas de 2015. Os áudios capturam diálogos entre Traiano e Vicente Malucelli, então diretor da TV Icaraí, discutindo o pagamento de R$ 100 mil.
Traiano: Pra você… a conta de um cara lá pra você mandar terça-feira.
Vicente: Os outros 50? [R$ 50 mil]
Vicente: Mas eu posso mandar da conta da tv mesmo?
Traiano: Sim, não tem problema nenhum. É uma empresa de mecânica lá.
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As investigações revelaram que Traiano recebeu a quantia em duas parcelas de R$ 50 mil, com os pagamentos ocorrendo dentro da Alep e na residência do deputado. Em um acordo com o MP-PR, Traiano admitiu ter solicitado e recebido o dinheiro, resultando em um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) e um Acordo de Não Persecução Cível (ANPC), evitando assim ação criminal mediante o pagamento de uma multa.
O caso também envolve o ex-deputado estadual Plauto Miró, que reconheceu ter participado das negociações de propina. Ambos os políticos foram penalizados com multas que ultrapassaram R$ 743 mil. Apesar dos eventos terem ocorrido há anos, somente em dezembro de 2023 a situação veio a público após uma reportagem exclusiva da RPC e do g1, enfrentando inicialmente uma liminar que restringiu a divulgação das informações.
O processo, agora concluído, permanece sob sigilo judicial. Vicente Malucelli, em depoimento, afirmou ter realizado as gravações e pagamentos por se sentir ameaçado e para proteger o contrato de sua empresa com a Alep. O empresário também relatou que a solicitação de propina por Traiano foi presenciada por Plauto e destinava-se a cobrir despesas de campanha. A demanda inicial era de R$ 300 mil, mas após negociações, o valor acordado foi reduzido para R$ 200 mil, dividido igualmente entre os dois deputados.
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