Mais 16 mulheres prestam depoimento contra ginecologista suspeito de abuso sexual, em Maringá

Até o momento, 24 mulheres denunciaram o ginecologista Hilton José Pereira Cardim. Ele continua preso, mas nega as acusações.

  • Após a prisão do ginecologista Hilton José Pereira Cardim, na última segunda-feira (11), sob acusações de abuso sexual contra pacientes, mais 16 mulheres procuraram a delegacia de Maringá, no norte do Paraná, para prestar depoimentos sobre o profissional.

    O suspeito, que também é professor do Departamento de Medicina da UEM, já estava sob investigação da Polícia Civil após o testemunho de oito mulheres.

    Nesta terça-feira (12), três mulheres compareceram à delegacia para prestar depoimento, todas descrevendo situações semelhantes de abuso. Uma das vítimas, em entrevista à RPC, relatou momentos de desconforto durante consultas médicas.

    “Ele vinha na frente, ouvia o coração, depois ia para parte de trás. Ele ficava com o estetoscópio de uma forma que eu não via ele (…). Aquilo demorava muito, eu comecei a perceber que ele mudou a respiração para mais ofegante, uma respiração de gemido mesmo e ele vai chegando perto com o quadril dele. (…) Fui embora e fiquei pensando que era coisa da minha cabeça”, relembra.

    De acordo com a delegada Paloma Gonçalves, todas as vítimas apresentaram um depoimento semelhante. Elas relataram que, inicialmente, compareciam às consultas acompanhadas por alguém – geralmente pelos namorados ou maridos. Depois de algum tempo, elas pegavam confiança no profissional e passavam a ir sozinhas.

    “Nesse momento que elas estavam sozinhas o médico falava ali que realizaria o procedimento de ausculta, a vítima estava na posição vertical, ele se posicionava atrás dela e ficava friccionando o órgão genital. Elas relatam também que ouviam ali a respiração ofegante do médico, elas davam um passo a frente, ele seguida, isso durava aproximadamente um tempo de cinco a dez minutos. Todas relatam essa mesma história”, diz a delegada.

    A defesa de Hilton José Pereira Cardim afirmou que ainda não teve acesso ao processo, que segue em sigilo. Além disso, alegou que a prisão não atende aos requisitos legais.

    O ginecologista continua preso preventivamente. Em depoimento, ele negou as acusações e disse que não ficava sozinho com as pacientes durante as consultas.

    A Polícia Civil tem até a próxima semana para concluir o inquérito sobre o caso.

    REPERCUSSÃO

    O Conselho de Medicina anunciou que abrirá uma sindicância para investigar possíveis desvios éticos por parte do profissional.

    Por sua vez, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) emitiu uma nota para esclarecer que o suspeito não tem registro de denúncias nem procedimentos administrativos disciplinares abertos. Além disso, reforça que os incidentes que motivaram a prisão do médico não estão relacionados ao seu comportamento enquanto professor na UEM.

    Foto: Delegacia da Mulher / Google Street

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