Argentina rejeita ‘falsos turistas’ e impede entrada de estudantes brasileiros sem visto

Vários jovens que pretendiam cursar uma faculdade no país vizinho foram barrados na fronteira e tiveram que voltar ao Brasil.

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    A entrada de estudantes brasileiros na Argentina tem sido cada vez mais difícil nas últimas semanas. Vários jovens que pretendiam cursar uma faculdade no país vizinho foram barrados na fronteira e tiveram que voltar ao Brasil.

    A situação também afeta estudantes de outros países do Mercosul, como Peru e Equador. Segundo as autoridades migratórias argentinas, eles não cumprem os requisitos para entrar como turistas e tentam se estabelecer no país sem o visto adequado.

    Essa postura representa uma mudança em relação à flexibilidade que existia até então, baseada nas normas de circulação de pessoas entre os países do bloco e em um acordo bilateral entre Brasil e Argentina que facilita a obtenção da residência permanente.

    Muitos estudantes brasileiros costumavam viajar para a Argentina como turistas e, depois, solicitar a residência para estudar. Há cerca de 10 mil brasileiros matriculados em universidades argentinas, principalmente na área de medicina.

    As empresas que assessoram esses estudantes confirmam que essa é uma prática comum, incentivada pela diferença de custos entre o visto de estudante e o pedido de residência. O primeiro pode custar até R$ 2.723, enquanto o segundo sai por R$ 82.

    No entanto, essa estratégia pode dar errado e resultar na deportação do estudante. Foi o que aconteceu com Felipe, 30, que pediu para não ter seu nome verdadeiro divulgado. Ele planejou durante um ano estudar medicina na Universidad Nacional de Rosário, mas foi impedido de entrar na Argentina por falta de documentos.

    Ele tentou entrar novamente por via terrestre, mas perdeu sua vaga na universidade. Agora, ele está no país em busca de uma solução.

    A advogada Liziana Rubim, que defende alguns estudantes barrados, diz que eles foram vítimas de arbitrariedade e discriminação. Ela afirma que seus clientes não mentiram sobre seus objetivos e que as autoridades migratórias agiram de forma abusiva ao aplicar a disposição 4362/2014, que prevê a rejeição de ‘falsos turistas’.

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