Operação da PF investiga uso ilegal da Abin por filhos de Bolsonaro

A corporação suspeita que a Abin tenha feito monitoramentos não autorizados de autoridades, políticos e jornalistas.

  • Foto: HUGO BARRETO/METRÓPOLES

    A Polícia Federal (PF) realizou nesta quinta-feira (25/1) uma operação para apurar se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada de forma ilegal pelos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para obter informações sigilosas e se defender de processos judiciais. A corporação suspeita que a Abin tenha feito monitoramentos não autorizados de autoridades, políticos e jornalistas.

    De acordo com a decisão que autorizou 21 mandados de busca e apreensão, entre eles o do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), “os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram ferramentas e serviços da Abin para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como, por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então presidente Jair Bolsonaro”.

    Renan Bolsonaro, o filho 04 do ex-presidente, é investigado por suposto tráfico de influência desde 2021. A PF acredita que Ramagem teria tentado obstruir essas investigações. Ramagem era diretor-geral da Abin entre julho de 2019 e março de 2022, durante o governo de Bolsonaro.

    Em 2020, Renan Bolsonaro e o empresário Allan Lucena, seu parceiro de negócios e personal trainer, receberam um carro elétrico de R$ 90 mil de uma empresa de mineração e construção. Um mês depois, a empresa conseguiu uma reunião com o então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PL).

    Em depoimento à PF, na época, Renan Bolsonaro disse que Lucena era responsável por captar patrocinadores para o camarote que eles abriram no estádio Mané Garrincha, em Brasília.A decisão, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, também determina que sejam buscados elementos sobre o uso da Abin para elaborar relatórios de defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), outro filho do ex-presidente.

    “A utilização da Abin para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação, quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN), como bem destacado pela Procuradoria-Geral da República”, cita o ministro em sua decisão.

    Em nota, Flávio Bolsonaro negou a acusação. “É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida”, afirmou.A PF também quer verificar se governadores, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram alvo de uma organização criminosa que se infiltrou na Abin.

    Entre as autoridades monitoradas ilegalmente por um software espião da Abin, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ex-governador do Ceará Camilo Santana, hoje ministro da Educação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Alexandre Ramagem (PL-RJ) é um dos alvos da Operação Vigilância Aproximada, que cumpriu mandados de busca e apreensão em seu gabinete na Câmara dos Deputados e em seu apartamento funcional, na manhã desta quinta-feira (25/1). Além dele, policiais federais são suspeitos de integrar uma organização criminosa que usou o aparelho estatal da Abin para rastrear ilegalmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e juízes.

    A operação foi realizada em 18 endereços em Brasília (DF), um em Juiz de Fora (MG), um em São João del Rei (MG) e um no Rio de Janeiro (RJ).

    Fonte: Metrópoles

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