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Um grupo de indígenas do povo Avá-Guarani foi atingido por tiros na noite de quarta-feira (10) em Guaíra, no oeste do Paraná, enquanto realizava um ritual sagrado em uma área de ocupação. Três indígenas ficaram feridos e foram socorridos. Revoltados, os indígenas invadiram uma casa, agrediram e fizeram refém um homem de 51 anos, que foi libertado após negociação com a polícia. A Polícia Civil investiga o caso e suspeita que o ataque tenha sido planejado por fazendeiros da região. As informações foram divulgadas pelo G1 PR.
Uma testemunha indígena, que não quis se identificar, disse que o grupo não percebeu que eram tiros até ver as vítimas sangrando. O depoimento dela foi divulgado pela Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), organização indígena que luta pela terra. O Ministério dos Povos Indígenas classificou o caso como um ataque e solicitou a atuação da Força Nacional de Segurança Pública na região.
A Polícia Militar foi acionada por volta das 21h para ir ao local do crime, na Avenida Roland. Segundo a PM, um homem não identificado teria disparado contra os indígenas e fugido em seguida. A PM também foi ao endereço da mãe biológica de uma das crianças indígenas, mas não a encontrou.
Após os tiros, alguns indígenas armados com arcos, flechas e facões invadiram uma casa próxima. Os moradores conseguiram escapar, menos um homem de 51 anos, que foi levado pelos indígenas para a ocupação e agredido. O Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) negociou a liberação do refém, que foi encaminhado para um hospital de Guaíra com fraturas e ferimentos. Ele não corre risco de vida, segundo a polícia.
O BPFron informou que as equipes foram recebidas com hostilidade pelos indígenas, que lançaram flechas e pedras contra os policiais, mas ninguém se feriu. O 1º Tenente do BPFron Vitor Votolini disse que cerca de 50 indígenas estão na área do conflito, que fica perto de uma aldeia. Ele afirmou que a polícia ainda não identificou o autor dos disparos.
A Polícia Federal também esteve no local e disse que acompanha o caso e tomará as medidas cabíveis para garantir a segurança na região. O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio, visitou Guaíra na quinta-feira (11) e se reuniu com representantes da prefeitura e das polícias Civil e Militar. Ele disse que o estado está à disposição da União para resolver o conflito e preservar as vidas dos produtores rurais e dos indígenas.
Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a região onde as famílias indígenas estão ainda não está demarcada e registra conflitos constantes com agricultores, que também reivindicam a área. Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas disse que as famílias indígenas do povo Avá-Guarani foram alvo de novo ataque e que, conforme denúncias, a ação foi organizada por fazendeiros. A pasta disse que, considerando a escalada do conflito, “marcada por recorrente violações de direitos”, no dia 27 de dezembro solicitou a atuação da Força Nacional na região.
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