Edição: Vitor Nogami / Freepik
O uso incorreto da língua portuguesa é algo comum em nosso cotidiano, afinal, o português não é para amadores. A (re)invenção de termos e expressões novas para se referir a conceitos já tradicionalmente conhecidos, também é uma prática frequente em nosso dia a dia. Agora, criar uma nova identidade e buscar legitimidade no mercado a partir do reconhecimento de instituições renomadas, me parece claramente um comportamento oportunista
Me refiro especificamente ao que a EXAME faz ao lançar cursos dentro de uma plataforma chamada Exame Academy, se apresentando ao mercado como uma instituição acadêmica, mas ofertando principalmente cursos de curta duração. Ao usar o termo em inglês “academy” a empresa busca se associar à ‘academia’, instituição formada por pesquisadores, na maioria das vezes professores doutores, empenhados em construir conhecimento e desenvolver ciência. Não que a Exame não possa oferecer cursos rápidos de qualidade, mas ainda falta para alcançar contribuições acadêmicas
Outra empresa que tem feito isso sem moderação é a StartSe que se apropriou do termo “University”. Para ser considerada uma universidade, uma instituição precisa obrigatoriamente atender a uma série de requisitos, tais como: (a) pelo menos dois terços dos professores devem ter mestrado ou doutorado, (b) oferecer atividades consistentes de ensino, pesquisa e extensão, (c) ofertar cursos de graduação e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento, (d) formar mestres e doutores, dentre outros requisitos que as diferenciam de uma faculdade ou centro universitário. Como não é uma universidade, a empresa adota o termo em inglês “university”, talvez para driblar a legislação e se apropriar da legitimidade das renomadas universidades.
Nesta semana o Ministério da Educação anunciou que iniciará um trabalho de fiscalização mais criterioso junto às Instituições de Ensino Superior, focando principalmente na expansão do ensino à distância no país. Quem sabe, esse mau uso de termos legitimados para apropriação e construção da autoimagem de novos negócios também não seja fiscalizado.
Prof. Vitor Koki da Costa Nogami
Departamento de Administração – DAD
Universidade Estadual de Maringá – UEM
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