Em entrevista, Will Cathcart, presidente do WhatsApp, colocou o Brasil no centro do palco como o principal usuário do serviço de mensagens do aplicativo. O país, que figura em terceiro lugar em número de usuários globalmente, ultrapassa os demais na quantidade de mensagens de texto e de voz enviadas. Essa intensa atividade faz do Brasil um mercado-chave para a Meta, conglomerado ao qual o WhatsApp pertence.
Falando à Folha S. Paulo, Cathcart assegurou que o serviço permanecerá gratuito e sem anúncios invasivos. “Não estamos fazendo isso, nem discutindo isso”, disse ele, refutando rumores sobre a possibilidade de anúncios na caixa de entrada dos usuários. Essa decisão vai ao encontro da filosofia da empresa de manter a experiência do usuário pura e não comercializada.
A monetização, segundo Cathcart, virá de outro lugar: o engajamento entre empresas e clientes. O WhatsApp fornece ferramentas que permitem às empresas interagir com os usuários, oferecendo serviços adicionais pagos. Ele cita exemplos práticos no Brasil, onde os usuários já estão acostumados a conversar com empresas para uma variedade de serviços, desde pedidos de comida até agendamento de serviços de beleza.
Na entrevista, o presidente do WhatsApp destacou o compromisso da empresa em combater a desinformação e os disparos em massa de mensagens, uma preocupação especialmente relevante em períodos eleitorais. “Aumentamos muito nossa capacidade de detectar e banir pessoas que estão criando várias contas para enviar mensagens em massa”, afirmou Cathcart.
A parceria com o TSE e checadores de fatos é uma das estratégias utilizadas para garantir a integridade das comunicações durante as eleições.
De acordo com Cathcart, o WhatsApp tem trabalhado para facilitar a pesquisa no Google para mensagens encaminhadas muitas vezes e implementar barreiras que façam o usuário pensar antes de compartilhar informações, um passo importante na luta contra a desinformação.
O executivo também comentou sobre as recentes regulamentações globais que ameaçam a privacidade dos usuários. Cathcart expressou sua apreensão em relação às medidas que poderiam enfraquecer a criptografia do aplicativo, defendendo o direito à privacidade como um pilar central da democracia liberal e dos direitos humanos.
Quanto às inovações, o WhatsApp está introduzindo novas funcionalidades que podem transformar a maneira como os usuários interagem com o app.
Cathcart mencionou as “figurinhas de IA”, que permitirão aos usuários criar adesivos personalizados digitando o que desejam, como “pinguim de gravata borboleta” ou “cachorrinho triste”. Além disso, ele discutiu a implementação de agentes de IA, que poderão responder a perguntas dos usuários e fornecer informações atualizadas.
A entrevista também revelou o lançamento dos canais no WhatsApp, uma funcionalidade que permite comunicações de um para muitos. Enquanto isso traz o WhatsApp para mais perto das funcionalidades do Telegram, Cathcart assegurou que os canais grandes não seriam criptografados, permitindo à empresa moderar o conteúdo e garantir que as diretrizes da comunidade sejam cumpridas.
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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