Você está bebendo água errado? Aqui está tudo o que a ciência tem a dizer sobre hidratação

Para lidar com a onda de calor em Maringá e região, confira o que você precisa saber sobre a água e hidratação.

  • Por Vitor Germano

    Maringá está sendo varrida por uma onda de calor intensa atualmente. O calor que chocou o hemisfério norte com temperaturas recordistas no verão deles vindo para cá agora que o nosso inverno acabou. Este calor não é só um episódio isolado, mas uma consequência da mudança climática, e um gostinho do que podemos esperar em décadas futuras.

    Com esse calorão, hidratação se torna a primeira linha de defesa da nossa saúde. E o mercado está afogado em ofertas de opções diferentes de hidratação: Águas minerais de fontes diferentes, isotônicos artificiais, isotônicos naturais como a água de côco, águas ‘premium’ importadas que prometem ser melhores para a saúde.

    Líquidos com mais sais minerais, ou água alcalina, realmente hidratam mais? E quanta água você realmente precisa?

    A sabedoria popular, supostamente vinda da ciência é que precisamos de 2 litros de água por dia mais ou menos, mas estudos mais recentes apontam que essa sugestão ignora a água que entra em seu sistema junto a certos alimentos, em especial frutas e vegetais, além disso há de se levar em conta fatores como atividade física: Quanto mais suamos, mais água – e sal – perdemos.

    Os sais em nosso corpo são importantes porque mantêm o equilíbrio dos fluidos em nosso corpo através de controle osmótico. Sem o sódio, nossas células ressecariam.

    Além disso, sais minerais como cloreto, sódio, e potássio são eletrólitos – Isso é, carregam cargas elétricas pelo corpo.

    A maior parte dos profissionais concorda que bebidas ricas em eletrólitos são valiosas em não só hidratar, mas em repor os eletrólitos que perdemos pelo suor. Embora a maior parte das pessoas recebe o sódio que precisa só pela alimentação.

    Se você está saudável e não tem histórico familiar de doenças cardíacas, uma pitadinha de sal (equivalente a 1/4 de colher de chá, quase nada) em seu copo de água não fará mal para sua saúde, e pode acelerar sua hidratação.

    Mas água não é sua única opção. Estudos demonstram que leite de vaca é mais hidratante que água, não apenas ele é rico em eletrólitos, mas as gorduras e proteínas desaceleram a perda de fluídos no estômago, o que ‘prende’ a água e sais por um tempo maior.

    Outros aditivos e ‘melhoras’ usadas em certas marcas de água engarrafada, águas com pHs diferentes e etc. não têm prova científica de fazer diferença para o potencial de hidratação do corpo.

    Bebendo de menos… E demais

    Outra peça de desinformação que se espalha é que ‘seu corpo vai avisar quando tem sede’. Especialistas advertem que quando a sensação de sede aparece – Você já está começando a desidratar. Especialmente em dias de calor.

    É também importante saber que alguns medicamentos e algumas condições médicas podem alterar a hidratação natural do corpo. Medicamentos que tornam desidratação mais intensa incluem antidepressivos, diuréticos, e remédios para pressão, que mexem com o funcionamento dos rins e os níveis de eletrólitos. Pessoas com diabetes, que já aumenta a necessidade de urinar, precisam monitorar absorção de fluidos com cuidado.

    Mas é possível tomar água demais. Há um limite em quanta água seu sistema digestório pode absorver. Em casos extremos, pode causar uma condição chamada hiponatremia, que é o resultado de níveis muitos baixos de sódio no corpo. Hiponatermia é mais comum entre os idosos e aqueles que sofrem de doenças renais. Mas pessoas saudáveis podem sim se superhidratar.

    No mês passado, uma mulher de 35 anos, no estado de Indiana, nos EUA, estava “severamente desidratada” após um dia em um barco, e bebeu 64oz (aproximadamente 1.8 litro) de água em 20 minutos. Ela veio a óbito quando o choque entre extrema desidratação e a água excessiva causaram inchaço no cérebro dela que levou a um derrame.

    Os sintomas da desidratação começam com uma queda na frequência de urinação, com o cérebro sinalizando aos rins para pararem de filtrar o sangue. Conforme o nível de hidratação cai, a pressão sanguínea cai e a taxa de batimentos acelera, o corpo fazendo o que pode para manter-se vivo.

    Quando a desidratação se torna extrema, febres são o próximo sintoma, porque o corpo é incapaz de se refrigerar – Se chegar a este ponto, médicos advertem que só água não é mais suficiente. Primeiro o corpo precisa ser refrigerado com panos úmidos e gelo. Pronto-atendimentos em Phoenix, no Arizona, têm até comprado sacos gigantes de gelo para reviver os insolados.

    Se você tiver sintomas de desidratação, descanse na sombra ou em um local com ar condicionado ou ventilador. Tome um banho ou aplique compressas frias para refrigerar o corpo, e beba água lentamente. Tomar água correndo pode aumentar o desequilíbrio osmótico do corpo, e faz mal para o estômago.

    A recuperação pode demorar mais de uma hora.

    Fonte original: National Geographic

    Foto: Freepik

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