Durante o primeiro semestre de 2023, o Brasil viu o encerramento de 427.934 empresas de todos os portes, apontando para um déficit entre as companhias que abriram e fecharam suas portas no período. Esses dados não consideram os Microempreendedores Individuais (MEIs), cujo cenário tem peculiaridades distintas.
O estudo, conduzido pela Contabilizei e baseado em registros da Receita Federal, revelou um cenário preocupante desde o quarto trimestre de 2021.
Nos últimos 18 meses, o saldo é de 750 mil empresas a menos na economia nacional. Durante esse tempo, 2,08 milhões de empresas foram inauguradas, enquanto 2,83 milhões encerraram suas atividades.
A indústria enfrenta um panorama particularmente desafiador. Mesmo tendo menor representatividade quantitativa no estudo, a proporção de fechamentos é alarmante. No segundo trimestre de 2023, para cada empresa industrial que abriu, três encerraram suas atividades.
Comércio e serviços também demonstram dificuldades. Enquanto o setor comercial viu o fechamento de duas empresas para cada inauguração, o segmento de serviços fechou 1,5 empresas para cada abertura no segundo trimestre.
Guilherme Soares, vice-presidente da Contabilizei, comentou sobre o período desafiador. “A combinação de obstáculos na gestão financeira e o elevado endividamento da população são fatores que contribuíram para essa realidade. Muitos empreendedores estão voltando ao trabalho assalariado diante das adversidades”, afirma.
Porém, nem todas as notícias são negativas. Um levantamento do Sebrae destacou que micro e pequenas empresas geraram cerca de 710 mil empregos formais no primeiro semestre de 2023, representando 70% do total de vagas criadas.
Sobre os Microempreendedores Individuais, Soares esclarece que muitos foram influenciados pela conjuntura econômica do momento e pela pandemia, optando por prestação de serviços à distância ou como consequência de desemprego.
Há, contudo, setores entre MEIs e MEs que encontraram oportunidades, especialmente com a crescente demanda por serviços remotos e empreendedorismo digital. “Profissionais qualificados estão se afastando do ambiente corporativo tradicional e buscando autonomia, impulsionando o surgimento de novos MEIs e MEs”, conclui Soares.
Dados em Destaque:
Empresas Encerradas em 2023:
Total no 1º semestre: 427.934
Exclui Microempreendedores Individuais (MEIs).
Comparação desde o 4º trimestre de 2021:
Empresas inauguradas: 2,08 milhões.
Empresas encerradas: 2,83 milhões.
Saldo negativo: 750 mil empresas.
Setor Industrial em 2023:
Empresas inauguradas no 2º trimestre: 7.810.
Empresas encerradas no 2º trimestre: 25.151.
Proporção: 3 encerramentos para cada inauguração.
Setor Comercial em 2023:
Empresas inauguradas no 2º trimestre: 61.685.
Empresas encerradas no 2º trimestre: 129.515.
Proporção: 2 encerramentos para cada inauguração.
Setor de Serviços em 2023:
Empresas inauguradas no 2º trimestre: 133.836.
Empresas encerradas no 2º trimestre: 196.651.
Proporção: 1,5 encerramentos para cada inauguração.
Geração de Empregos por Micro e Pequenas Empresas (1º semestre de 2023):
Total de vagas geradas: 710 mil.
Representa 70% das vagas formais criadas no período.
Pedidos de seguro-desemprego:
Total em 12 meses até junho de 2023: quase 7 milhões.
Maior quantidade desde o auge da pandemia de Covid-19.
Microempreendedores Individuais (MEIs):
A dinâmica e comprometimento variam em comparação às empresas tradicionais.
O processo de abertura de MEI é simplificado e as taxas são baixas.
Em situação de inadimplência, as penalidades são menores.
Microempresas (MEs):
Requer mais etapas burocráticas, apresentação de mais documentos e a contratação de um contador.
Tendência de aumento na abertura por conta do cenário atual e demanda por serviços remotos.
Foto: Tania Regô/EBC
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